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A trajetória de Pedro Parente na Petrobras, da chegada à renúncia

A companhia informou que "a nomeação de um CEO interino será examinada pelo Conselho de Administração da Petrobras ao longo do dia de hoje"

São Paulo - Presidente da Petrobrás, Pedro Parente, participa do encerramento do 19º Encontro Nacional de Investidores, na sede da Fecomércio (Rovena Rosa/Agência Brasil/Agência Brasil)

São Paulo - Presidente da Petrobrás, Pedro Parente, participa do encerramento do 19º Encontro Nacional de Investidores, na sede da Fecomércio (Rovena Rosa/Agência Brasil/Agência Brasil)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 1 de junho de 2018 às 11h45.

Última atualização em 1 de junho de 2018 às 12h28.

São Paulo - Pedro Parente, executivo escolhido para liderar a recuperação da Petrobras, renunciou ao cargo hoje, 1º de junho.

A companhia informou que "a nomeação de um CEO interino será examinada pelo Conselho de Administração da Petrobras ao longo do dia de hoje". 

Ele estava no comando da estatal desde maio de 2016, escolhido pelo presidente Michel Temer para substituir Aldemir Bendine. A sua missão, há dois anos, era recuperar a companhia, que era a petroleira mais endividada do mundo na época.

A empresa ainda sofria com a crise de credibilidade e valor de mercado por conta dos escândalos de corrupção investigados pela Operação Lava Jato e relatava prejuízos constantes por quatro anos.

Parente chegou na empresa com fama de gestor de crises. Foi essa mesma fama que o levou à presidência do conselho da BRF em abril deste ano, substituindo o empresário Abilio Diniz. O objetivo era pacificar as disputas entre os sócios da dona da Sadia e Perdigão e reerguer a companhia após o escândalo da Operação Carne Fraca, também da Polícia Federal.

Na Petrobras, seu desafio era acelerar o plano de venda de US$ 15,5 bilhões em ativos da Petrobras e reduzir seus custos. Também combateu a interferência governamental na companhia, pela indicação de executivos ou controle dos preços de combustíveis.

Com o objetivo de melhorar a rentabilidade da empresa, em julho de 2017 Parente informou que os combustíveis seriam precificados de acordo com variáveis como o câmbio e o preço internacional do barril de petróleo. Os ajustes chegavam a ser diários.

Em protesto contra os altos valores do diesel, os caminhoneiros anunciaram uma greve que começou no dia 21 de maio. Eles deixaram de fazer entregas de insumos, produtos e combustíveis e bloquearam boa parte das estradas do país, gerando uma crise de desabastecimento.

Para firmar uma trégua com os caminhoneiros, a Petrobras anunciou uma redução de 10% no preço do diesel durante 15 dias, decisão que custará R$ 350 milhões à companhia. Porém, a medida não foi suficiente, e o presidente Michel Temer anunciou que o preço do diesel sofrerá uma redução de 46 centavos por litro durante 60 dias, dentre outras concessões, desta vez por conta do governo.

Em teleconferência com analistas no dia 29, Parente afirmou que foi corajosa a decisão da empresa de reduzir temporariamente o preço do diesel como forma de aliviar os ânimos na greve dos caminhoneiros.

“Eu sei que foi uma questão polêmica, mas naquele momento entendemos que, para dar uma chance maior de manter nossos conceitos na política de preços, precisava haver coragem. Qualquer empresa faria. Tivemos a responsabilidade e a coragem de fazer, reconhecendo a gravidade do momento”, afirmou o executivo.

Com o acordo com os caminhoneiros, a Petrobras ainda tinha outro desafio pela frente: a greve dos petroleiros.

A Federação Única dos Petroleiros (FUP) anunciou uma greve de três dias que começou na quarta-feira, 30, pedindo a redução dos preços de gás de cozinha e combustíveis e a saída de Pedro Parente da presidência da Petrobras.

Ontem, 31, a companhia informou que a greve caminhava para o fim. “A greve já foi encerrada em mais de 95% das unidades”, informou a companhia em comunicado, acrescentando que, onde ainda é necessário, equipes de contingência estão atuando. “Não há impacto na produção nem risco de desabastecimento”, garantiu a estatal.

Carreira

Formado em engenharia pela Universidade de Brasília (UnB), Pedro Parente fez carreira no Banco do Brasil e no Banco Central e foi consultor externo do Fundo Monetário Internacional (FMI), em 1993.

Ele já atuou na política e foi ministro três vezes no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Coordenou o comitê responsável por administrar a crise de energia elétrica e organizar as regras do racionamento de 2001.

Durante sua atuação como secretário executivo do Ministério da Fazenda, cuidou da renegociação das dívidas dos estados e acompanhou o programa de desestatização.

Ocupou o cargo de vice-presidente executivo do grupo RBS. Ele coordenou a reestruturação financeira da empresa de mídia, em um momento em que diversas empresas do setor de comunicação estavam em uma situação difícil, com cortes nas verbas de publicidade.

Em seguida, foi para a presidência da Bunge, onde conduziu uma reestruturação abrangente das operações locais e elevou a cada ano os resultados da empresa.

Há pouco mais de um mês, Parente incluiu um novo cargo ao seu currículo: o de presidente do conselho de administração da BRF, dona da Sadia e Perdigão. A companhia vivia uma briga interna por poder entre Abilio Diniz, então presidente do conselho, Tarpon, gestora de investimento com 7% da empresa, e outros acionistas e conselheiros. Para assumir o cargo na BRF, ele deixou o conselho da B3, operadora de bolsa, cargo que ocupava há cinco anos.

Parente é também um dos proprietários da Prada LTDA, gestora de fortunas familiares.

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