Eládio Isoppo, da Payface: após rodada de captação de recursos e aquisição de outra startup, empresa de reconhecimento facial lança plataforma para levar biometria a novos mercados (Divulgação/Divulgação)
Editor de Negócios e Carreira
Publicado em 22 de outubro de 2024 às 12h06.
Última atualização em 27 de outubro de 2024 às 14h03.
As apostas em bets estão bombando no Brasil. Ao mesmo tempo, o setor está sob fogo cruzado. A ligação de algumas casas esportivas online com o crime organizado obrigou as autoridades a redobrar o cuidado com essas empresas.
Bets sem o devido registro no país já estão sendo tiradas do ar. E, em breve, quem colocar dinheiro por ali precisará identificar-se propriamente.
Verificações com biometria, feito os adotados pelos aplicativos bancários em transações financeiras como o Pix, deverão ser empregadas pelas bets para comprovar às autoridades regulatórias quem é a pessoa por trás de cada aposta.
A mudança veio em boa hora para o empreendedor catarinense Eládio Isoppo. Ele é fundador da Payface, uma startup de reconhecimento facial para pagamentos sediada em Florianópolis.
Em seis anos, a Payface saiu de uma ideia na cabeça de Isoppo para um negócio promissor. A tecnologia da empresa já vem sendo usada para automação de caixa em supermercados, como St. Marche em São Paulo, e Zona Sul e Prezunic no Rio de Janeiro.
Graças à adoção da tecnologia, a Payface conquistou uma rodada da Série A em maio de 2022. Fizeram parte dela o banco BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME) além do multifamily office Oikos.
No ano seguinte, a empresa comprou a startup SmileGo para turbinar a expansão em pagamentos com reconhecimento facial.
Agora, em função da adoção crescente da biometria (vide a demanda aberta no mercado das bets), a Payface lançou uma nova tecnologia.
Chamada de Fortface, a novidade consiste num software no qual o cliente da Payface pode fazer sozinho a gestão dos dados biométricos de seus clientes.
Até agora, isso não era possível. Para ter o rosto reconhecido num quiosque de identificação biométrica num supermercado cliente da Payface, por exemplo, uma pessoa precisava ter um login no próprio sistema da Payface.
Agora, uma empresa cliente de Isoppo poderá cuidar de todos os detalhes da biometria de seus clientes — coletar os dados, armazenar as informações em suas nuvens e por aí vai.
O desenvolvimento da tecnologia levou 18 meses e custou 20 milhões de reais.
Em 45 dias de operação, o Fortface já processou mais de 4,6 milhões de transações.
O mercado do Fortface segue pouco explorado. Apesar de já estar presente na maioria dos aplicativos de instituições financeiras mundo afora, a tecnologia de biometria facial é vendida por poucos fornecedores.
Boa parte deles é de startups com alguma operação em Israel, um dos países mais avançados do mundo em tecnologia para biometria.
"Após diversas conversas com grandes players do setor, ficou evidente a dependência de fornecedores internacionais e a carência de soluções locais mais adaptadas às necessidades do mercado", diz Isoppo.
Uma particularidade do mercado de biometria é o fato de boa parte das empresas com algum tipo de tecnologia desse tipo serem apenas revendedoras de sistemas criados por outras empresas — a maioria delas de origem israelense.
"Nossa solução foi 100% criada dentro de casa", diz o empreendedor.
"Desde o início, soubemos que poderíamos entregar uma proposta de valor única, combinando segurança de nível mundial, melhor usabilidade e um custo mais competitivo."
Projetado para ocupar apenas 3 megabytes de memória, e ser compatível com Android, iOS e Web, o Fortface pode atender desde startups até grandes corporações.
Hoje, o tempo médio de validação de identidades dentro dos sistemas da Payface é de quatro segundos. "É três vezes mais rápido que o padrão de mercado", diz.
Com a expansão da Payface, a empresa tem como foco setores altamente regulamentados, onde a segurança e a conformidade são prioridades.
"A proximidade com o mercado financeiro brasileiro nos permite criar soluções mais personalizadas e seguras, adaptadas às necessidades do mercado regional", diz Isoppo.
"Por sermos uma empresa local, estamos mais próximos de nossos clientes, o que nos dá a agilidade e flexibilidade que players estrangeiros muitas vezes não conseguem proporcionar."