Masayoshi Son, o "Masa", apresenta o iPhone para os primeiros compradores do smartphone, em 2011 (YOSHIKAZU TSUNO/AFP/Getty Images)
Repórter
Publicado em 28 de janeiro de 2025 às 11h34.
Última atualização em 28 de janeiro de 2025 às 11h50.
A relação entre Masayoshi Son, fundador e presidente da SoftBank, e Steve Jobs, cofundador da Apple, produziu uma das mais importantes parcerias tecnológicas da história recente. Foi graças a um acordo informal entre os dois executivos que a multinacional japonesa conseguiu a exclusividade para distribuir o iPhone no Japão em 2008, transformando o mercado de telecomunicações no país.
Son, conhecido como “Masa” entre amigos e rivais, apostou na visão de Jobs antes mesmo do lançamento oficial do dispositivo.
Em 2005, o executivo japonês apresentou a Jobs um esboço de um iPod que funcionava como um celular, com tela grande e recursos de dados avançados. A ideia vinha do desejo de Masa de conectar a recém-criada SoftBank Mobile ao crescente mercado de internet móvel, como parte de sua visão de integrar comunicação e tecnologia.
Jobs, embora tenha descartado o rascunho como “uma porcaria”, fez uma promessa verbal: daria à SoftBank a exclusividade de distribuir o iPhone no Japão.
Segundo o livro "Gambling Man", de Lionel Barber, que conta a trajetória profissional de Son, o americano se recusou a revelar mais detalhes do produto — na época ainda em desenvolvimento. Mesmo assim, o japonês percebeu um leve sorriso no rosto do chefe da Apple e decidiu que era o suficiente para apostar.
Convencido da visão de Jobs, Masa avançou em 2006 com a compra da Vodafone Japan por US$ 17 bilhões. O executivo precisava de uma infraestrutura de telecomunicações para realizar seu plano de integrar serviços de internet móvel ao mercado japonês.
A transação foi a maior já registrada no setor de telecomunicações da Ásia até aquele momento. Ele justificou o risco dizendo a Jobs: “Apostei US$ 17 bilhões com base na sua palavra”.
A aquisição permitiu à SoftBank competir com gigantes como NTT Docomo e KDDI. Jobs, em resposta, reafirmou sua promessa.
Poucos anos depois, em junho de 2008, o iPhone chegou oficialmente ao Japão pelas mãos da SoftBank. O impacto foi imediato: a participação de mercado da operadora saltou de 17% para 23% até 2011, quando perdeu a exclusividade.
A relação entre Jobs e Son foi marcada por trocas frequentes de ideias. Masa chegou a afirmar que contribuiu para o design de alguns elementos do iPhone, como os famosos emojis, que refletiam sua compreensão da cultura e do comportamento dos consumidores japoneses. Embora não haja comprovação direta de sua influência no produto, a parceria entre Jobs e Son foi essencial para adaptar o dispositivo ao exigente mercado local.
Além da exclusividade, a parceria garantiu à SoftBank um papel central na popularização do iPhone em um dos mercados mais sofisticados tecnologicamente. Na época, concorrentes como NTT Docomo subestimaram o potencial do iPhone, considerando-o apenas como mais um produto americano.
Hoje, a aposta de Masa no iPhone é lembrada como um divisor de águas para a SoftBank. Ela foi a base para projetos futuros, como a aquisição da Sprint nos EUA e a criação de um dos maiores fundos de investimento em tecnologia do mundo, o Vision Fund.