(Raquel Dias/Correios/Divulgação)
Karin Salomão
Publicado em 21 de novembro de 2017 às 12h00.
São Paulo – O fim de ano sempre foi agitado para os Correios. Antigamente, os cartões de Natal ocupavam um grande espaço nas mochilas dos carteiros. Agora, uma nova demanda aumentou ainda mais o trabalho da empresa no período: a Black Friday.
"O fim do ano é o pico da nossa demanda", afirma Lemuel Costa e Silva, chefe do departamento de encomendas do e-commerce.
Os Correios são responsáveis por mais de 70% das entregas do e-commerce, principal canal de vendas da Black Friday, de acordo com a última pesquisa da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (Abcomm), realizada em 2015.
A maior transportadora do país faz um planejamento para o período de novembro a janeiro, meses mais movimentados do seu calendário.
"A gente tem uma cultura de não deixar nada para o dia seguinte. Tentamos separar e encaminhar todas as encomendas no mesmo dia", diz Costa e Silva. No período de pico, da Black Friday ao Natal, os Correios acrescentam mais um dia de prazo.
"Muitas vezes, outras transportadoras não conseguem dar conta do volume e as empresas acabam recorrendo aos Correios", diz o diretor.
Além da Black Friday e do Natal, a empresa também realiza, há 25 anos, o Papai Noel dos Correios, projeto social que entrega presentes para crianças que escreveram cartas ao bom velhinho.
A empresa espera um aumento de 28% a 35% nas entregas esse ano. Como comparação, em períodos normais, ela entrega cerca de um milhão de pacotes todos os dias.
Mais de 1.700 trabalhadores temporários são contratados para dar conta do trabalho no fim do ano - mais da metade é alocada em São Paulo.
A malha de transportes também será expandida para a data. A malha nacional tem 318 linhas de transporte nacional, formada por 1.428 trechos que ligam cidades e centros de distribuição.
Com dois motoristas, os caminhões estão em movimento 24 horas por dia. Para o fim do ano, 17 dessas rotas ganharão um reforço.
Além do transporte por terra, as encomendas também podem chegar ao destino pelo ar. A empresa responde por 60% do tráfego aéreo de cargas do país e tem 11 linhas aéreas, chamadas de Rede Postal Noturna (RPN). Os aviões são usados principalmente para transportar as encomendas de Sedex.
Enquanto os cargueiros e caminhões são de empresas terceirizadas, os transportes urbanos e carteiros são próprios dos Correios.
Com o crescimento do comércio eletrônico nos últimos anos, os Correios precisaram investir fortemente para ampliar a sua capacidade.
A empresa irá investir 108 milhões de dólares em seu parque de tratamento, de 2017 a 2020. Os centros recebem os pacotes, separaram em entrega Sedex ou normal e direcionam para o meio de transporte adequado.
Ao final desse período, a empresa terá 19 centros no país, 10 desses novos, todos automatizados. As máquinas estão sendo trocadas por novos equipamentos, que têm capacidade para processar 220 mil objetos por hora. Com isso, a empresa ampliará sua capacidade de tratamento em 300%.
Outra mudança vinda da expansão do e-commerce foi o serviço de Clique e Retire dos Correios. Diversas varejistas, como a Netshoes, já adotaram o modelo: o cliente compra pelo site e retira em uma loja.
Agora, os consumidores também podem escolher retirar sua compra em uma agência dos Correios. Cerca de 3,8 mil agências já estão habilitadas para receberem os pacotes, serviço que será oferecido diretamente no site da varejista.