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A Nissan nunca acelerou tanto no Brasil (e olha que o carro é 1.0)

Com o March, companhia japonesa mais que dobra vendas no país e salta no ranking das montadoras

Nissan March é importado do México (Divulgação via Quatro Rodas)

Nissan March é importado do México (Divulgação via Quatro Rodas)

Daniela Barbosa

Daniela Barbosa

Publicado em 19 de março de 2012 às 19h01.

São Paulo - Enquanto montadoras como, Fiat, Volkswagen, Ford e Renault apresentaram queda nas vendas nos dois primeiros meses do ano na comparação com o mesmo período de 2011, a japonesa Nissan foi uma das poucas no Brasil que avançaram. A razão para o sucesso é uma só: a aposta em modelos populares como o hatch March e o sedã Versa, que têm multiplicado as vendas da montadora no Brasil.

Entre os meses de janeiro e fevereiro do ano passado, de acordo com a Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), a Nissan vendeu no Brasil cerca de 7.500 carros e detinha 1,5% de participação neste mercado. Nos mesmos meses deste ano, o número saltou para quase 16.000 unidades, com 3,2% de mercado.

Lançado em outubro no Brasil, o March é, de longe, o modelo da Nissan mais procurado atualmente por aqui. Somente em fevereiro, cerca de 2.700 unidades foram vendidas. O número é mais do que o dobro do modelo mais vendido pela Nissan um ano antes, o Livina, que em fevereiro de 2011 registrou vendas de 1.314 unidades.

Roberto Barros, consultor do setor automotivo, estima que pelo menos 40.000 March sejam vendidos no Brasil neste ano. O desempenho seria suficiente para assegurar um novo patamar à montadora japonesa. “A participação de mercado da Nissan deve se manter em mais de 3%, daqui para a frente”, disse.

Para os especialistas, não há segredo: apesar do aumento da renda e das facilidades de crédito, o Brasil ainda é o país dos carros de entrada. “Os modelos populares representam boa fatia do mercado e qualquer montadora que quer entrar no jogo precisa ter esse nicho em seu portfólio”, afirmou André Beer, da André Beer Consult & Associados.


Nestes quatro meses, desde seu lançamento no Brasil, foram vendidos cerca de 12.000 unidades do March, segundo dados do setor.

Curva perigosa

A vida da Nissan, porém, pode não continuar tão fácil no Brasil. E o motivo é político: a briga de Brasil e México em torno do regime automotivo.

Nesta semana, o ministro do desenvolvimento, Fernando Pimentel, se reuniu com autoridades mexicanas para rever o acordo, que permite que carros produzidos naquele país entrem no mercado brasileiro com a isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).

O Brasil vai reduzir o montante de veículos importados do México gradativamente até 2015 e a decisão pode vigorar a partir de 2012.  No ano passado, as importações somaram cerca de 2,1 bilhões de dólares. Neste ano, a cifra pode não chegar a 1,5 bilhão de dólares.

A Nissan vende, no Brasil, o March fabricado no México. Por isso, a disputa entre os países pode afetá-la diretamente. “Se a isenção do IPI for suspensa, o preço do March não será mais tão competitivo”, afirma Barros.

Segundo ele, no entanto, até 2015 o modelo deve começar a ser produzido no Brasil. Até lá, a montadora japonesa vai precisar fazer figa para que nada atrapalhe seus planos de se tornar a montadora japonesa mais popular em terra tupiniquim.   

Procurada por EXAME.com, a Nissan não contava com porta-vozes disponíveis para se pronunciar até a publicação desta reportagem.

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