Minas Gerais: Lama contaminou o Rio Doce após rompimento de barragem em novembro de 2015; Vale segue indefinida sobre o retorno da Samarco (Eli Kazuyuki Hayasaka/Wikimedia Commons)
EXAME Hoje
Publicado em 27 de julho de 2017 às 06h33.
Última atualização em 27 de julho de 2017 às 08h29.
O ano não está sendo fácil para a mineradora Vale. Nesta quinta-feira, serão divulgados os resultados do segundo trimestre de 2017, e a previsão é de lucro líquido de 450 milhões de dólares, resultado 80% menor que o primeiro trimestre e 59% menor em relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com relatório do Itaú BBA. No segundo trimestre de 2016, a empresa havia apresentado lucro de 1,1 bilhão de reais, que já era 38% mais baixo do que em relação ao mesmo período de 2015.
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Há problemas por todos os lados: no mundo, no Brasil, e dentro de casa. O principal deles é a perda de valor do minério de ferro — que caiu de 75,2 dólares/tonelada para 52,4 dólares/tonelada. A demanda por minério também não vai tão bem quanto se esperava. Na semana passada, a empresa anunciou que deve ficar perto dos 360 milhões de toneladas, apenas 3% mais alta do que em 2016, enquanto a expectativa era poder chegar até os 380 milhões de toneladas.
Em breve, a Vale pode precisar lidar com um cenário novo, anunciado na terça-feira pelo governo federal. Três novas medidas provisórias referentes à mineração serão enviadas para o Congresso, que alteram 23 pontos do código que rege o setor. As principais mudanças são uma cobrança mais alta dos royalties pagos pelas empresas — em 2016, a arrecadação foi de 1,6 bilhão de reais e a expectativa é aumentar em 80% esse valor — e a criação de uma agência reguladora para as mineradoras.
Além disso, como aponta a reportagem de EXAME “Depois da tragédia, a briga”, a Vale ainda não conseguiu se entender com a australiana BHP, sócia na Samarco. Desde o final de 2015, quando as empresas protagonizaram a maior tragédia da mineração do mundo e o maior desastre ambiental brasileiro, a Samarco está com as atividades paralisadas e, em um ano, a perda de faturamento foi de 4,4 bilhões de reais, fora as multas de 20 bilhões de reais que precisam ser pagas nos próximos 15 anos para reparar os danos causados. Difícil prever quando a empresa vai sair dessa lama.