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A 'Ebanx das ONGs': Após transacionar R$ 260 milhões em doações, Doare, de SC, mira México e EUA

A Doare abriu uma rodada de investimentos de US$ 1,5 milhão para acelerar o crescimento e expansão a outros mercados

Felipe Antunes e Ruy Fortini: vamos faturar R$ 10 milhões no ano que vem (Doare/Divulgação)

Felipe Antunes e Ruy Fortini: vamos faturar R$ 10 milhões no ano que vem (Doare/Divulgação)

Marcos Bonfim
Marcos Bonfim

Repórter de Negócios

Publicado em 20 de dezembro de 2023 às 08h01.

Última atualização em 20 de dezembro de 2023 às 10h33.

Planos não faltam na cabeça dos fundadores da Doare, plataforma meio de pagamento para processar doações para organizações filantrópicas. A socialtech, com sede em Florianópolis, é a ferramenta usada pelas principais entidades no Brasil como Ação da Cidadania, Gerando Falcões e Make a Wish, e movimentou mais de 260 milhões em arrecadação em seus 12 anos de história. 

“Das 100 maiores, nós trabalhamos com 97”, afirma Felipe Antunes, cofundador e COO da startup, um negócio com mais de 4.500 instituições cadastradas. O próximo passo é a internacionalização, movimento que está ganhando forma a partir do México e do Uruguai.

“O Brasil está atrás dos Estados Unidos, mas países como México, Colômbia e Uruguai estão atrás do Brasil. Nós entendemos que há um potencial de liderarmos esse movimento”, afirma Antunes.

Qual os objetivos com a internacionalização

O empreendedor está de mudança para Miami, cidade que deve funcionar como um hub para a Doare se conectar aos mercados hispânicos. 

Além disso, ele tem a missão de ser uma espécie de “espião” para encontrar oportunidades nos Estados Unidos, território que a Doare pretende desbravar com afinco em 2025. 

Como é um mercado mais maduro e concorrido, a proposta da startup é encontrar um nicho em que possa crescer sem bater de frente com ferramentas já estabelecidas. 

“Para os Estados Unidos, devemos fazer um spin-off, desenvolver uma marca e chegar com algo específico, uma solução que eles não tenham resolvido bem. Estamos com algumas ideias”, diz Ruy Fortini, sócio-fundador e CEO da operação. 

Fortini trabalhava em um e-commerce quando surgiu a ideia da Doare. Com desejo de empreender, se inspirou em uma situação que se repetia mensalmente: um motoboy ia até a sua casa coletar a doação da sua mãe. Ao lado do engenheiro de software Felipe Hlibco, criou o Doare. Antunes, com experiência em captação de recursos para o terceiro setor, se uniu aos dois logo em seguida.

A internacionalização é uma via que deve fomentar a expansão das próprias ONGs brasileiras. Hoje, quando captam em outros países, elas só conseguem sacar no Brasil e em real. No momento em que a Doare tem um “CNPJ” e uma estrutura nestes territórios, as ONGs podem retirar em moeda local e destinar para os projetos naquelas regiões. 

Como a Doare vai impulsionar esse movimento

Os dois sócios acabaram de retornar do Miami Immersion Week, uma iniciativa do Mana Tech e do Base Miami. O programa de aceleração procura por startups com soluções inovadoras, especialmente na América Latina, para ajudar em um desembarque seguro em terras americanas. 

Contribui ainda na estruturação de uma rodada de captação, a partir da conexão com potenciais investidores. Foi o que aconteceu com a Doare. A empresa abriu há pouco mais de uma semana uma seed para buscar US$ 1,5 milhão, o equivalente a 7,3 milhões de reais, e já tem US$ 150.000 assegurados.     

Desde a sua fundação, a startup trabalhou, basicamente, “no braço”, e recebeu apenas R$ 470 mil. Os recursos vieram investimentos da Rio Ventures, Darwin Startups, WOW e do programa Startup Brasil.

Os novos recursos serão destinados para a entrada nos novos mercados, com investimento em produtos e times comerciais e de marketing. 

Além disso, outro montante será focado na estruturação de novas formas de impactar o mercado brasileiro. 

As estratégias para aumentar as doações no Brasil

O objetivo da empresa é ter uma atuação mais ativa no setor, não apenas na oferta de tecnologia. Neste sentido, a Doare vai investir em outras formas para estimular as doações, como rifas, criação de eventos, leilões e produtos das instituições como NFTs. 

Outro anseio é se aproximar mais da comunidade de embaixadores e influenciadores digitais, canais que podem fazer a diferença para potencializar as doações no país.  

“Hoje, o peso da arrecadação está todo em cima das ONGs e a ideia é trazer pessoas influentes. Por exemplo, nós estamos criando uma landing page que permite que esses criadores vendam os seus produtos e já destinem um percentual mínimo de 20% para uma instituição”, diz Fortini. 

As ações buscam ampliar o número de doações individuais. Em 2022, os valores ficaram em R$ 12,8 bilhões, segundo a pesquisa Doação Brasil. Para efeito de comparação, nos Estados Unidos os números superam 300 bilhões de dólares.

Com tantos projetos para 2024, a Doare projeta um crescimento de 150% na receita, indo a R$ 10 milhões. A meta é ousada, mas factível. É o momento de pisar o pé no acelerador”, afirma Fortini. 

O otimismo é fruto de uma expansão nos últimos anos, no período da pandemia de Covid-19. A Doare nasceu com um marketplace para doações lá em 2011, modelo substituído em 2016 por uma estrutura de whitelabel dentro das páginas das próprias instituições.

Mesmo assim, a evolução foi lenta. Em 2019, a empresa faturava R$ 342.000, número mais de 9 vezes menor que o registrado em 2022. No último ano da pandemia, a receita ficou em R$ 3,5 milhões e agora vai para R$ 4 milhões. O novo ritmo alimenta a ambição de atingir 1 bilhão de reais em doação em 2030.

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