BRF: resultados devem continuar em baixa para a fabricante de alimentos / Germano Luders
Da Redação
Publicado em 27 de outubro de 2016 às 05h58.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 18h46.
A vida continua difícil para as maiores fabricantes de alimentos do país, como deve ficar claro nos resultados que a BRF, dona das marcas Sadia e Perdigão, divulga nesta quinta-feira. A previsão do banco Itaú BBA é que a receita do terceiro trimestre avance apenas 1,9% em relação ao mesmo período do ano passado, muito abaixo da inflação. O lucro deve encolher 81%, para 169 milhões de reais. No trimestre passado, o lucro da companhia já havia tomado um tombo de 92% em relação a 2015.
Os números são resultado de uma combinação perversa. O preço dos grãos, especialmente do milho, que servem de alimento para aves e suínos continua nas alturas. E a demanda por alimentos no Brasil ainda está baixa, o que vem dificultando a estratégia da companhia de aumentar a participação de produtos mais sofisticados em suas receitas. O fraco desempenho da economia global também não tem ajudado a empresa, uma das maiores exportadoras do país.
Mas os números decepcionantes são resultado também de problemas mais profundos da companhia. Há três anos, a BRF é liderada por um grupo de investidores que inclui o fundo Tarpon, o empresário Abilio Diniz, o GIC, fundo soberano de Singapura, e um grupo de fundos de pensão. O plano era fazer uma revolução, com um controle de gastos exemplar e produtos cada vez melhores, e mais caros. Mas constantes trocas no comando, e uma competição ferrenha da Seara, do grupo JBS, dificultam as coisas. As ações da companhia caíram 21% nos últimos 12 meses, enquanto o Ibovespa subiu 36%.
A boa notícia: para o BBA, o ciclo de baixa está chegando ao fim. Outras novidades podem ajudar, como uma possível abertura de capital da subsidiária que atua em países muçulmanos, a Sadia Halal – o plano é levantar 1,5 bilhão de dólares.