Sherilyn McCoy: nova CEO da Avon (Divulgação)
Daniela Barbosa
Publicado em 9 de abril de 2012 às 13h10.
São Paulo – A Avon anunciou, nesta segunda-feira, que Sheri McCoy será a nova CEO da companhia, no lugar de Andrea Jung. A executiva deve assumir o comando da maior empresa de vendas diretas do mundo daqui a duas semanas e uma lista de problemas, até agora sem solução, já está à sua espera.
Embora tenha admitido em comunicado à imprensa que está honrada e empolgada para se juntar à família Avon, Sheri tem consciência de que está assumindo o comando da companhia justamente porque ela não vive uma de suas melhores fases. Além do lucro cada vez menor, a companhia enfrenta investigações sobre suborno, assédio dos concorrentes e perda de mercado nos Estados Unidos, principal país de operação da companhia.
A Avon estava à procura de um substituto para Andrea desde o final do ano passado, quando a companhia se viu à beira de uma série de dificuldades que sua atual CEO não estava conseguindo resolver. A própria executiva chegou a reconhecer que o momento era crítico e se prontificou a ajudar na busca de alguém mais astuto para a função.
Hoje, finalmente, o nome da executiva que terá que melhorar a aparência da Avon diante do mercado foi apresentado. Sheri tem vasta experiência no mercado de cosméticos e vendas. Por 30 anos se dedicou à Johnson & Johnson e era a atual vice-presidente da área de consumo da empresa.
Enquanto executiva da J&J, Sheri participou de decisões importantes dentro da companhia, como o lançamento de produtos importantes para o setor de cosmético e farmacêutico, aquisições e parcerias estratégicas e o aumento das vendas da empresa no mundo.
Já na Avon, antes de ela começar a brilhar como executiva, uma série de desafios terá de ser superados. Veja, a seguir, os principais deles:
Assédio dos concorrentes
Na semana passada, a Avon recebeu uma proposta de compra da Coty, empresa de fragrância francesa, de 10 bilhões de dólares. A oferta foi rapidamente recusada pela companhia, que a considerou oportunista e hostil.
A Coty, no entanto, não se satisfez com o não e, aproveitando o momento delicado da companhia, está disposta a levar as negociações adiante.
Em entrevista recente ao jornal Financial Times, Bart Becht, presidente da Coty, afirmou que vai tentar convencer os acionistas da Avon de que a operação poderia ser positiva para a companhia e quem sabe assim, o conselho mude de opinião com relação à proposta.
Lucro em queda
Desde 2005, o lucro da Avon vem sendo diluído cada vez mais em seus balanços. Andrea até anunciou uma reestruturação para reverter a situação, simplificando as linhas de produtos para aumentar as margens, mas
não adiantou.
Em 2011, os ganhos da companhia recuaram 20% na comparação com o ano anterior. No período, a empresa somou lucro de 865 milhões de dólares.
Vendas nos Estados Unidos cada vez mais fracas
Os Estados Unidos são de longe o principal mercado da Avon, mas há tempos a companhia não consegue resultado positivo por lá.
No último trimestre do ano, as vendas da Avon no país americano caíram 5% na comparação com o mesmo período de 2010.
A América do Norte, como um todo, registrou um prejuízo de 241 milhões de dólares, comparado com um lucro de 46 milhões de dólares no trimestre do ano anterior.
Investigações sobre suborno
Em outubro do ano passado, a Avon confirmou que é investigada pela SEC, órgão americano equivalente à CVM brasileira. A companhia é suspeita de ter passado informações privilegiadas a corretores e também de subornar autoridades na China.
Na ocasião, o preço das ações da Avon despencou, pois o mercado não esperava que a gigante do setor de cosméticos estivesse envolvida em um problema dessa proporção.
Segundo a imprensa internacional, o caso foi o estopim para que Andrea perdesse seu cargo de CEO na Avon.