Amrapali Gan: a inteligência realmente evoluiu no mundo, mas ainda colocamos uma ênfase muito grande na moderação humana (Web Summit/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 3 de maio de 2023 às 13h17.
Última atualização em 3 de maio de 2023 às 16h58.
Criado em 2016 como uma plataforma para conteúdos exclusivos e monetizados para criadores de conteúdo, o OnlyFans se transformou no espaço onde milhões de influenciadores depositam conteúdos adultos e eróticos e interagem com mais de 200 milhões de fãs espalhados por mais de 100 países.
A plataforma explodiu na pandemia, com as restrições impostas pela pandemia de Covid-19. Dados da Statista estimam uma expansão da receita na ordem de 558%, saltando de 380 milhões de dólares em 2020 para US$ 2,5 bilhões em 2022.
De tempos em tempos, celebridades, esportistas e personalidades da mídia anunciam a entrada na plataforma e causam alvoroço nas redes sociais. A disposição para a entrada é precedida por constantes notícias sobre quantias vultosas obtidas por outros criadores. Desde o lançamento, o OnlyFans já pagou mais de 10 bilhões de dólares.
Neste momento de consolidação, o Brasil e outros países da região estão no centro da estratégia. “A América Latina em geral é uma região de enorme crescimento para nós. Nós vemos essa oportunidade para os criadores obterem maior exposição a uma comunidade global”, disse Amrapali Gan, CEO do OnlyFans, no terceiro dia do Web Summit Rio.
Ela está no comando da operação desde dezembro de 2021 e assumiu o cargo pouco depois de um ano da sua chegada ao OnlyFans como CMO, em setembro de 2020. Recebeu o pastão diretamente do fundador do OnlyFans, Tim Stokely.
Segundo a executiva, os países da região estão ao lado da Austrália e de alguns europeus entre as oportunidades de crescimento identificadas pela companhia.
A executiva também falou sobre o que considera “equívocos” relacionados à forma como o OnlyFans é conhecido globalmente: sinônimo de conteúdo adulto e sexual.
Gan defendeu que a plataforma reúne uma variedade de produtores de conteúdos, criando sobre assuntos variados sobre comédia e esporte. “O OnlyFans é realmente esta plataforma que dá uma verdadeira liberdade de expressão a diferentes criadores de conteúdo”.
Segundo ela, o OnlyFans, por ser uma plataforma para adultos e com modelo fechado baseado em assinaturas, pode ter conteúdos que não poderiam circular livremente em outras redes, como piadas mais pesadas.
Desde que começou a liderar a operação, Gan tem procurado fazer esse contraponto. Uma missão em que, aparentemente, não tem obtido muito sucesso.
Tópico do momento, a inteligência artificial esteve entre os assuntos abordados pela executiva, especialmente pelo modelo que é adotado pela plataforma.
Atualmente, 80% das pessoas que trabalham no OnlyFans estão dedicadas à moderação de todo o conteúdo que é publicado, uma parte do negócio que Gan considera essencial para sustentar o discurso de “espaço seguro”.
Ela conta que recebe contatos diários de empresas oferecendo soluções de AI para automatizar o processo.
“A inteligência realmente evoluiu no mundo, mas ainda colocamos uma ênfase muito grande na moderação humana. Tudo está sendo revisado por humanos”, diz.
Os sistemas de automatização entram apenas como uma forma de levantar alertas e indicar aos funcionários quais os posts e conteúdos precisam ser priorizados nas análises.
*A EXAME é media partner do Web Summit Rio