São Paulo - As empresas têm grande dificuldade para contratar e integrar pessoas com deficiência em suas equipes. Com isso, acabam perdendo oportunidades de melhorar sua eficiência e receita.
Ainda que existam cotas que obriguem a contratação, esse é um dos públicos menos engajados nas companhias, segundo a consultoria Santo Caos.
“Se a empresa conseguir integrar essas pessoas, elas serão mais produtivas e pró-ativas, gerando lucro”, afirma Guilherme Françolin, sócio da consultoria.
Em uma pesquisa com 461 entrevistados e mais de 40 horas de filmagens, a consultoria conversou tanto com esse público quanto com gestores e pessoas de recursos humanos e levantou 6 mitos sobre a contratação de pessoas com deficiência.
1 - Falta gente
Empresas com mais de mil funcionários precisam ter 5% do quadro de funcionários preenchido com pessoas com deficiência. No entanto, apenas 8% das companhias brasileiras cumprem essa meta.
Em alguns casos, gestores imaginam que não há pessoas com deficiência o suficiente para cumprir as cotas previstas por lei.
No entanto, há 45 milhões de pessoas com deficiência no Brasil, ou cerca de 23,9% da população total, segundo o IBGE. Desses, 66% são pessoas economicamente ativas e 21% têm ensino médio completo.
A cota abarcaria apenas 2% de todas as pessoas com deficiência no país. Mesmo assim, ela não é preenchida: apenas 1% de todo esse público é contratado pela cota.
2 - Qualificação
Em segundo lugar, há uma crença de que essas pessoas não seriam qualificadas o suficiente para preencher os requisitos.
No entanto, segundo a consultoria, uma em cada quatro pessoas têm ensino médio completo. 7% têm ainda superior completo - no resto da população, essa faixa é de 10%. Além disso, muitas pessoas adquirem deficiências no decorrer da vida, já formadas.
Por causa desse engano, “a pessoa com deficiência às vezes é contratada apenas para cumprir a cota”, diz Françolin.
Ele explica que muitas vezes essa pessoa não tem um cargo, funções ou tarefas definidas, ficando desmotivada. Dessa forma, ela acaba saindo da empresa - o turn over, troca de emprego em um ano, desse público é de 90%.
3 – Preferem os benefícios
Acredita-se, também, que há pessoas com deficiência que prefiram receber o benefício do governo a trabalhar, por isso seria difícil contratá-las. Contudo, apenas 3,2% recebe essa bolsa.
Além de enfrentar burocracia para garantir o benefício, o valor recebido é baixo e não paga todas as despesas.
4 - Custa caro
De acordo com a consultoria, muitos gestores deixam de contratar pessoas com esse perfil porque acreditam que os custos para tornar o ambiente acessível seriam muito altos. Essa preocupação acaba se tornando mais um obstáculo para a inclusão.
Porém, segundo o diretor, as equipes de recursos humanos deveriam dar mais foco a integração de pessoas com deficiência, para que elas se sintam parte da empresa.
“A maior dificuldade para essas pessoas é o preconceito, não a falta de acessibilidade. Elas já vivem todo dia em um mundo que não é acessível e conseguem se virar”, afirma Françolin.
5 - Não há vantagens
Algumas empresas percebem apenas os custos atrelados às contratações, sem enxergar as melhorias que a inclusão poderia trazer.
O primeiro benefício é bem perceptível no bolso. “A multa para o não cumprimento da cota é bastante alta. Porém, as empresas não são fiscalizadas porque essa política é recente. Elas só vão pensar nessa questão com mais afinco quando doer no bolso”, diz o diretor.
Há vantagens menos visíveis sobre a inclusão desse grupo.
"As pessoas com deficiência são um quarto da população. Se você as ignora na sua equipe, também vai ignorar um quarto dos seus clientes potenciais", diz o diretor da consultoria.
Além disso, ao tornar o ambiente na empresa mais inclusivo, os funcionários passam a participar mais, sugerindo ideias inovadoras e mudando processos antigos, afirma a consultoria.
6 - Produtividade
Por fim, outro mito mencionado pelos entrevistados foi que essas pessoas teriam dificuldades de exercerem suas funções.
Segundo a pesquisa, a opinião dos gestores mudou depois de trabalhar com pessoas com deficiência. Eles acreditam que esse público produz até mais que uma pessoa sem esse tipo de obstáculo.
"Essas pessoas querem provar para si mesmas que elas conseguem dar conta das tarefas e vencer os desafios que lhe são impostos", diz Françolin.
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1. Regalias
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1/13 (Creative Commons/Flickr/ Lars Plougman)
São Paulo - Além dos
benefícios previstos por lei, algumas
empresas oferecem vantagens extras a seus funcionários. Com o
objetivo de reter talentos e aumentar a produtividade e o comprometimento da equipe, companhias disponibilizam áreas de lazer, geladeira aberta e comida gratuita, licença maternidade e paternidade estendida e assistência psicológica e jurídica. Empresas de tecnologia, como Google e Facebook, são reconhecidas pelos mimos que concedem aos colaboradores. Mas há também indústrias e construtoras com vantagens bastante atraentes, como Embraco e Brookfield. Leia sobre essas empresas nas imagens acima.
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2. Ericsson
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2/13 (Luísa Melo/Exame.com)
Na sua filial em São Paulo, a
Ericsson conta com um clube para os funcionários e suas famílias. São cerca de 1.500 associados, sendo que a empresa tem 5.000 colaboradores em todo o Brasil. Com salas de musculação, piscina, quadras, sauna, salão estético e local para eventos sociais, a taxa é de 0,9% do salário. Segundo Janaína Khatchikian, diretora de recursos humanos da Ericsson no Brasil, muitos funcionários moram perto da empresa. Assim, aproveitam para usar o clube, seja antes ou depois do expediente, aos finais de semana ou durante as férias de seus filhos. O espaço já existe há quase 40 anos e foi criado em linha com o conceito sueco de integrar funcionários fora do ambiente de trabalho. De acordo com Janaína, a companhia tem metas de engajamento dos funcionários, que são medidos anualmente. O clube e as atividades sociais "melhoram a percepção do funcionário em relação a empresa, resultando em altos níveis de engajamento", disse ela a EXAME.com. Dessa forma, há maior retenção de talentos e maior comprometimento com a empresa, conta.
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3. Grupo Virgin
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3/13 (Divulgacao)
Richard Branson já chamou a atenção quando permitiu que sua equipe pessoal nos Estados Unidos e Reino Unido tirasse férias ilimitadas no momento em que quisesse. Depois disso, o presidente decidiu conceder ainda outro benefício para quem trabalha no grupo Virgin. Os funcionários da Virgin Management, braço de investimentos do Virgin Group, que se tornarem pais ou mães
poderão tirar um ano de licença, com salário integral. A duração total do afastamento pode ser de 52 semanas, mas as duas primeiras devem ser desfrutadas pela mãe, obrigatoriamente. "Se você cuida de seus empregados, eles cuidarão de seu negócio", disse Branson, em comunicado. Porém, de todo o time do
Virgin Group (que abrange desde a Virgin Galactic até a Virgin Records) apenas 2% terão acesso à licença-paternidade remunerada de forma integral - 140 em 50.000 trabalhadores.
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4. Embraco
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4/13 (Divulgação)
Desde 1991, a Embraco, fabricante de compressores para refrigeração, mantém um berçário dentro da fábrica em Joinville, SC. O espaço é voltado para crianças de até um ano e com 25 vagas. Para as mulheres o benefício é gratuito. A funcionária pode começar a trabalhar 30 minutos mais tarde para amamentar o filho, atividade que realiza de novo no meio do dia e no final do expediente, quando é liberada 20 minutos mais cedo. Segundo Tatiane Cristina da Silva, líder de RH da Embraco, a ideia foi criada para evitar pedidos de demissão na volta da licença maternidade. Como as creches funcionavam apenas durante meio período, muitas mulheres preteriam a carreira para poder cuidar do filho. Apesar de trabalharem menos tempo, a produtividade das mulheres que usa o benefício é bem maior. "Quando a pessoa está preocupada com o filho, não produz direito", afirma a líder de RH. Além da facilidade para as mães, o benefício também traz vantagens para a companhia, como melhora da imagem da empresa na comunidade e a retenção de talentos.
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5. Unilever
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5/13 (Exame.com/Karin Salomão)
Entre as vantagens para os 13.700 colaboradores no Brasil, a
Unilever oferece um programa de mentoria. O funcionário escolhe seu mentor, que recebe uma capacitação para esse papel. Os programas de aconselhamento e desenvolvimento ajudam o profissional a crescer ascensão de cargo dentro da Unilever ou que foram promovidos recentemente. O ambiente e horário de trabalho também é flexível. Existe a possibilidade de Home Office, horário flexível de entrada e saída e Friday Free, que possibilita aos funcionários sair mais cedo às sextas-feiras. Assim como a Embraco, a Unilever também oferece um berçário para crianças de 0 a 2 anos no edifício-sede, além de cursos para gestantes e palestras com especialistas em infância e juventude.
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6. Grupo Boticário
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6/13 (Divulgação)
Cerca de 70% dos 7.000 colaboradores diretos do Grupo
Boticário são mulheres. Por isso, a empresa - que engloba as marcas O Boticário, Eudora, quem disse, berenice? e The Beauty Box - oferece diversos benefícios para mulheres, gestantes e mães. Um dos exemplos é o programa de gestantes, criado em 1999 e que já atendeu 1,6 mil mulheres de São José dos Pinhais (PR), Curitiba (PR) e Registro (SP). Dessas, 46% eram colaboradoras da empresa e 54% da comunidade. O programa oferece cursos, palestras e aulas práticas, além de uma visita domiciliar de uma profissional de enfermagem logo após o parto. A empresa também conta com uma sala de apoio à amamentação, onde a mulher pode esvaziar as mamas, armazenando seu leite em fracos previamente esterilizados.
O Boticário também conta com auxilio babá e para educação infantil.
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7. Google
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7/13 (Susana Bates/AFP)
O
Google é reconhecido pelas
regalias que oferece a seus funcionários. Em quase todas as sedes da empresa de tecnologia, a geladeira é aberta e funcionários podem pegar os lanchinhos que quiserem, de forma gratuita. Há diversas opções de lazer, como mesa de sinuca ou sala de videogame, e é possível levar o cachorro para o trabalho. Novos pais ganhar um bônus "para conexão com o bebê", um dinheiro para ajudar na compra de fraldas ou outros itens. Outros benefícios também incluem trabalhar ao lado de gênios da tecnologia, testar produtos antes de serem vendidos e incentivos a desenvolver projetos pessoais.
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8. Brookfield Incorporações
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8/13 (Divulgação)
Para diminuir o estresse e garantir o bem-estar físico e psicológico dos seus funcionários, a Brookfield Incorporações oferece o programa Fique Bem. Com assessoria jurídica, financeira, social e psicológica, o programa existe desde 2009 e é confidencial, sem passar pelo RH da empresa. Segundo Elisabete Melo, superintende de recursos humanos da Brookfield, os funcionários buscam a assessoria financeira quando estão com dívidas, por exemplo, e o apoio social quando há alguma doença na família. A assessoria jurídica é usada, em alguns casos, quando o funcionário enfrenta um divórcio, entre outros exemplos. De acordo com Elisabete, o programa foi bastante aplicado na área de relacionamento externo, com clientes. Antes, o nível de estresse era bastante alto, a ponto de as pessoas ficarem doentes. O programa agendou atendimentos com psicólogos no próprio local e, segundo ela, o clima melhorou muito na área. Por conta do programa, há menos afastamento por problemas de saúde e menos funcionários insatisfeitos, diz Elisabete.
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9. Uniqlo
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9/13 (Bloomberg/ Tomohiro Ohsumi)
Para a rede japonesa de moda Uniqlo, a semana de trabalho tem apenas quatro dias. A empresa irá propor a seus funcionários três dias de folga, para aumentar o convívio familiar. O sistema, que deve vigorar a partir de outubro, não terá redução salarial, mas prevê um aumento do período diário de trabalho de 8 para 10 horas. O objetivo é atrair mão de obra, que está escassa no varejo japonês. Uniqlo, que engloba o grupo Fast Retailing, a princípio proporá os três dias de folga a cerca de 10 mil funcionários de suas mais de 840 lojas no Japão, antes de ampliar o esquema.
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10. Netflix
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10/13 (Bloomberg)
Novas mães e novos pais
poderão tirar licenças de um ano na
Netflix. A nova política da empresa norte-americana de serviços de transmissão de filmes pela internet permite que "os pais retornem ao trabalho durante meio período, período integral ou voltar ao trabalho e se afastar conforme suas necessidades", continuando a receber seus salários normalmente. De acordo com a empresa, a medida faz parte da cultura desenvolvida pela empresa que "dá aos funcionários o contexto sobre nossos negócios e a liberdade para tomarem suas próprias decisões acompanhadas de responsabilidade".
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11. Adobe
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11/13 (David Paul Morris/Bloomberg)
Na mesma linha do grupo Virgin e da Netflix, a companhia de softwares
Adobe também
anunciou que vai dobrar a licença maternidade que concede a funcionários nos Estados Unidos. Novas mães na empresa sediada na Califórnia receberão 26 semanas de licença remunerada, ante 12 semanas anteriormente, enquanto pais e responsáveis primários receberão 16 semanas de licença pagas. A Adobe tem 13.500 funcionários globalmente, sendo que 6.500 estão nos Estados Unidos. Por volta de 30% são mulheres.
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12. Facebook
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12/13 (Jonathan Leibson/Getty Images)
Assim como outras empresas de tecnologia, o Facebook chama a atenção pelos
benefícios disponíveis para seus funcionários. O plano de saúde da rede social de Mark Zuckerberg engloba assistência médica, odontológica e seguro de vida. Além disso, reembolsa 50% da mensalidade de academias frequentadas pelos funcionários. Além de quatro meses de licença maternidade, o Facebook oferece 4 mil dólares para cobrir as despesas do processo de adoção para funcionários que adotam crianças. Funcionários com filhos até cinco anos de idade podem receber até 3 mil dólares por ano para cobrir gastos com babás.
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13. Leia também
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13/13 (Pilar Olivares/Reuters)