A velocidade de transformação é um elemento central na nova era dos negócios (Rost-9D/Thinkstock)
Karin Salomão
Publicado em 19 de maio de 2018 às 08h00.
Última atualização em 19 de maio de 2018 às 08h00.
São Paulo – Que é preciso inovar as empresas já sabem. Com a transformação veloz das tecnologias e ambientes de negócios, novas empresas podem tomar o lugar daquelas que ficaram paradas muito mais rapidamente que há alguns anos.
Até Jorge Paulo Lemann disse estar assustado com o avanço da inovação sobre os negócios. O homem mais rico do Brasil afirmou que é um “dinossauro apavorado”. “Eu tenho vivido nesse mundo confortável de marcas antigas e grandes volumes, nada mudando muito. E de repente estamos vivendo disrupções de todas as formas”, disse ele, em evento.
A velocidade de transformação é um elemento central na nova era dos negócios. Muitas empresas preferem lançar logo um produto, ainda que incompleto, a perder espaço para a concorrência, por exemplo.
Mas nem todos avançam na mesma velocidade. Mais de metade dos executivos brasileiros acredita que, ainda que suas empresas falem sobre estratégias digitais, não as operam com rapidez suficiente, de acordo com uma pesquisa da Bain & Company publicada com exclusividade pelo site EXAME. Na América Latina, o número cresce para 57%.
A falta de inovação e sistemas de tecnologia da informação não tão atualizados também pode estar restringindo o crescimento do lucro, segundo 23% dos entrevistados no Brasil e 34% na América Latina.
O trabalho já está sendo feito: 65% creem que as disrupções digitais e as soluções de software estão mudando, contra 70% na América Latina.
As mudanças podem ocorrer até com parceiros de fora, inclusive concorrentes, para 69% dos entrevistados. Mais do que isso, a inovação poderia ser acelerada com a ajuda dos outros, ao contrário do que acontecia até então.
Entre as principais ferramentas que serão usadas pelas companhias, está a transformação digital. Em 2018, 82% dos executivos afirmou que a empresa passará pela transformação, contra 42% no ano passado.
“Enquanto há algum tempo existia um ceticismo sobre a necessidade de digitalizar o negócio, hoje está mais claro para os executivos que a disrupção causada pelas tecnologias digitais afetarão profundamente o contexto competitivo e a maneira de operar das empresas”, disse Mario Conde, sócio da Bain & Company.
Outra ferramenta é a metodologia ágil, que terá espaço em 79% das empresas em 2018, contra 25% em 2017. A metodologia permite a criação de novas soluções mais rapidamente.
Enquanto tradicionalmente todas as etapas do projeto são documentadas e pensadas com detalhe, esse processo no método ágil é realizado em etapas curtas e mais flexíveis. Mesmo que o termo esteja em voga ultimamente, “a cultura de muitas empresas torna os processos decisórios excessivamente lentos, pautados na aversão ao risco. Metodologias ágeis de trabalhos são ainda incipientes na maioria das corporações”, afirmou o consultor.
Desde 1993, a Bain & Company realiza uma pesquisa plurianual para disseminar quais as tendências e ferramentas mais usadas pelos gestores no Brasil e no mundo. Em 2017, ela entrevistou 1.268 executivos internacionais.