O bilionário mexicano Carlos Slim: ele foi um dos que mais perdeu dinheiro em 2015 (REUTERS/Edgard Garrido)
Da Redação
Publicado em 29 de dezembro de 2015 às 18h32.
As 400 pessoas mais ricas do mundo perderam US$ 19 bilhões em 2015, segundo o índice Bloomberg Billionaires. A queda dos preços das commodities e os sinais de um crescimento mais lento na China assustaram investidores de todo o mundo, levando ao primeiro declínio anual do índice diário de riqueza desde sua estreia em 2012.
“Depois de três anos excelentes, os mercados de ações ficaram de lado em 2015”, disse o bilionário Ken Fisher, fundador da Fisher Investments, que gerencia mais de US$ 65 bilhões.
“O excesso de oferta de petróleo, a queda do consumo e o medo de que a China se quebre como um prato e que leve com ela as commodities assustaram os investidores”.
O magnata mexicano das telecomunicações, Carlos Slim, foi quem mais caiu no índice no fechamento do pregão em Nova York, no dia 28 de dezembro, com a América Móvil perdendo 25 por cento em 2015.
A pessoa mais rica do mundo em maio de 2013, Slim caiu para o quinto lugar neste ano, depois de ter perdido quase US$ 20 bilhões porque os reguladores aumentaram os esforços para dividir sua empresa, que controla a maioria dos telefones fixos e celulares no México.
O investidor norte-americano Warren Buffett, a terceira pessoa mais rica do mundo, perdeu US$ 11,3 bilhões. A Berkshire Hathaway teve seu primeiro retorno anual negativo desde 2011.
O cofundador da Microsoft, Bill Gates, a pessoa mais rica do mundo desde maio de 2013, perdeu US$ 3 bilhões no ano.
As perdas de Gates e a ascensão contínua da Inditex, maior varejista de moda do mundo, deixaram o espanhol Amancio Ortega a US$ 10 bilhões do primeiro lugar.
Ortega, a pessoa mais rica da Europa desde junho de 2012, ultrapassou Slim e Buffett ao crescer US$ 12,1 bilhões para US$ 73,2 bilhões.
O crescimento de 20 por cento de Ortega ficou a US$ 19 bilhões do avanço do maior ganhador do ano, Jeff Bezos, fundador da Amazon.com.
O bilionário nascido no Novo México mais que dobrou sua fortuna para US$ 59 bilhões e os investidores comemoram os lucros da maior loja virtual do mundo. Bezos acrescentou US$ 31 bilhões em 2015, deixando para trás a queda de US$ 7,4 bilhões sofrida em 2014, e subiu 16 posições até o quarto lugar no índice.
As 400 pessoas mais ricas do mundo controlam um total combinado de US$ 3,9 trilhões, de acordo com o índice, mais do que o PIB de todos os países da Terra, exceto os EUA, a China e o Japão.
No seu auge, em 18 de maio, os bilionários tinham quase US$ 4,3 trilhões, um aumento de US$ 267 bilhões desde 1º de janeiro. Em agosto, eles perderam esses ganhos e mais quando a venda de ativos em todo o mundo eliminou até US$ 182 bilhões em uma semana.
Bezos e Ortega dominaram os avanços positivos do ano, acrescentando US$ 43 bilhões entre os dois. O desempenho dos dois bilionários contrastou com o da família que é proprietária de cerca de metade do Wal-Mart, maior varejista do mundo. Os cinco membros da família Walton perderam um total combinado de US$ 35 bilhões em 2015.
O declínio do mercado derrubou 49 bilionários do ranking diário este ano, incluindo o diretor da Glencore, Ivan Glasenberg, e Wang Jing, um empreendedor chinês de telecomunicações que, pessoalmente, investiu US$ 500 milhões para ajudar a Nicarágua a construir uma alternativa ao Canal do Panamá.
Glasenberg perdeu dois terços de seu patrimônio enquanto lutava para reduzir a dívida da empresa suíça de commodities e Wang caiu cerca de 86 por cento este ano.
O bilionário brasileiro André Esteves, ex-presidente do maior banco de investimento independente da América Latina, tinha aparecido no índice pela última vez em 2014 e caiu ainda mais este ano, quando sua fortuna diminuiu US$ 1,5 bilhão. Esteves foi preso pela polícia em novembro por supostamente tentar interferir em uma investigação de corrupção. Os advogados de Esteves negam.
Após a prisão, ele deixou o cargo de presidente do conselho e CEO do Banco BTG Pactual, e as ações despencaram quase pela metade. Seu patrimônio, que atingiu o pico de US$ 4,9 bilhões em setembro de 2014, encerrou o ano em US$ 1,8 bilhão.
Seus advogados disseram em dezembro que o bilionário foi preso por ser rico. O STF autorizou a saída da prisão, mas ele permanece sob prisão domiciliar.
Esteves foi um dos personagens que caíram na maior investigação de corrupção na história do Brasil. A investigação - junto com uma crise política, a queda da moeda e a recessão - deixou apenas quatro dos 11 brasileiros no índice com ganhos em 2015.
Jorge Paulo Lemann, cofundador da 3G Capital e a pessoa mais rica do Brasil, liderou os ganhos com um salto de US$ 2,2 bilhões. Seus sócios Marcel Telles e Carlos Sicupira aumentaram sua fortuna em cerca de US$ 1,7 bilhão quando a 3G uniu forças com Warren Buffett para a fusão da Kraft Foods com a H.J. Heinz.
Os três bilionários também são acionistas da Anheuser-Busch InBev NV, a gigante do setor cervejeiro que decidiu comprar a SABMiller em um negócio de US$ 110 bilhões.
Os bilionários da China tiveram as maiores oscilações em 2015. No dia 1º de janeiro, havia 23 bilionários chineses no índice, com um patrimônio líquido combinado de US$ 205 bilhões. No pico registrado no dia 27 de maio, havia 31 com US$ 348 bilhões. No dia 28 de dezembro, havia 28 bilionários com US$ 256 bilhões.
Com o crescimento dos mercados, a China tornou-se uma verdadeira fábrica de bilionários, com mais de 50 novos no primeiro semestre do ano. Até julho, a bolha tinha estourado. Dos 50 bilionários criados no primeiro semestre do ano, apenas 19 continuavam em agosto.
Neste ano, a queda nos preços do petróleo e as dificuldades por causa das sanções contribuíram para a primeira contração da economia russa em seis anos. No dia 28 de dezembro, 19 russos na lista dos 400 mais ricos tinham perdido US$ 8 bilhões durante o ano.
O grupo estava a caminho de recuperar suas perdas de 2014 até junho, quando o preço do petróleo – principal produto de exportação da Rússia – começou a afundar.
A tecnologia foi o setor com melhor desempenho para os bilionários em 2015. Os 44 bilionários de tecnologia adicionaram US$ 81 bilhões a seu patrimônio líquido total, encabeçados pelos US$ 31 bilhões de Bezos. O CEO da Facebook, Mark Zuckerberg, ficou US$ 12 bilhões mais rico com a rede social embarcando em uma renovada campanha de publicidade móvel e o número de usuários crescendo ainda mais.
Fortes vendas de anúncios também aumentaram as fortunas de Sergey Brin e Larry Page, cofundadores da Alphabet, do Google. Eles ganharam US$ 20 bilhões.
Os 31 bilionários dos setores de metais, mineração e energia incluídos no índice foram duramente atingidos pelo colapso dos preços de petróleo, cobre, minério de ferro e outros recursos naturais, e suas fortunas perderam US$ 32 bilhões. A pessoa mais rica da Austrália, Gina Rinehart, perdeu mais de um quarto de sua riqueza quando o minério de ferro despencou quase pela metade.
Rinehart começou a vender neste mês o minério de ferro de sua mina Roy Hill, de US$ 10 bilhões, aumentando o fornecimento global. Alguns analistas dizem que isso poderia contribuir para uma queda ainda maior no preço. Ela é a 10ª mulher mais rica do mundo, com quase US$ 10 bilhões.
O índice Bloomberg descobriu 115 novos ou pouco conhecidos bilionários em 2015. Em novembro, a herdeira do Wal-Mart, Christy Walton, perdeu o título de segunda mulher mais rica dos EUA depois que documentos judiciais recentemente revelados mostraram que seu falecido marido, John T. Walton, deu um terço de suas ações da Wal-Mart para o filho deles, Lukas. Aos 29 anos, ele é a 92ª pessoa mais rica do mundo, com US$ 11 bilhões.
Ainda nos EUA, o crescimento dos principais bancos de investimento, Goldman Sachs e JPMorgan, fez com que seus respectivos presidentes, Lloyd Blankfein e Jamie Dimon, ficassem bilionários, raros casos em que administradores contratados acumulam uma fortuna extraordinária.
A abertura de capital em outubro da fabricante de carros Ferrari cimentou a fortuna bilionária do herdeiro de segunda geração, Piero Ferrari.
Em Hong Kong, Yeung Kin-man acumulou um patrimônio líquido de US$ 10 bilhões através da Biel Crystal Manufactory, um dos maiores fabricantes de revestimentos de vidro para iPhone e outros smartphones.
A ascensão de Yeung aconteceu depois que a abertura de capital em março da concorrente da Biel, a Lens Technology, transformou Zhou Qunfei na mulher mais rica da China. A fortuna de Zhou aumentou mais de US$ 5 bilhões, alcançando os US$ 7,9 bilhões neste ano, um aumento de 254 por cento, o maior no índice.