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4 anos cruciais na relação entre Abilio Diniz e o Casino

Ao entregar uma ação ao sócio francês, na próxima semana, Abilio se tornará minoritário no Pão de Açúcar

Jean-Charles Naouri e Abilio DIniz: mudanças no grupo Pão de açúcar começam a acontecer a partir da próxima semana (EXAME)

Jean-Charles Naouri e Abilio DIniz: mudanças no grupo Pão de açúcar começam a acontecer a partir da próxima semana (EXAME)

Daniela Barbosa

Daniela Barbosa

Publicado em 14 de junho de 2012 às 16h31.

São Paulo – Quando o Pão de Açúcar e o Casino reforçaram seus laços, em 2005, com um novo acordo de injeção de capital, poucos imaginavam que ele desembocaria, de fato, na saída de Abilio Diniz do poder. Mas o próximo dia 22 pode entrar para a história da empresa como o dia em que o controle da maior varejista brasileira, fundada por Valentim Diniz, mudará para as mãos dos franceses.

A sociedade com grupo francês começou 13 anos atrás, quando Abilio precisou buscar apoio de um investidor estrangeiro para poder capitalizar o Pão de Açúcar, É sabido que, neste período, o grupo brasileiro cresceu, se consolidou e diversificou suas áreas de atuação.

Hoje, o Pão de Açúcar é uma companhia que fatura mais de 50 bilhões de reais por ano e conta com cerca de 150.000 colaboradores. Mas o casamento de mais de uma década não foi marcado só por acontecimentos positivos. Trocas públicas de farpas também marcaram a parceria entre os dois grupos. Veja, a seguir, quatro anos que foram cruciais para a sociedade de Abilio e o Casino:

1999 – Início da parceria

O grupo Casino se tornou sócio do Pão de Açúcar em 1999. Naquele ano, o Casino comprou, por 1,5 bilhão de reais, 22% do capital do GPA.  Em recente entrevista à imprensa, Jean-Charles Naouri, presidente do Casino, causou polêmica ao dizer que,  quando virou sócio da empresa, o grupo brasileiro era um "negócio medíocre, que saía de uma quase falência".

O fato é que, naquele momento, o acordo foi bem recebido pelo mercado. Às vésperas do anúncio, o Pão de Açúcar era disputado por grupos estrangeiros, e os analistas viam na associação uma resposta ao avanço do Carrefour no país. Desde 1991, a rede francesa havia roubado a liderança do Pão de Açúcar por aqui. O dinheiro injetado pelo Casino estimulou aquisições e a expansão da rede.

2005 – Casino investe mais no GPA, com a garantia de ter o controle do grupo no futuro

Após seis anos, o grupo francês aumentou sua participação no Pão de Açúcar, com investimentos da ordem de 2 bilhões de reais. Em troca, recebeu o direito de assumir o controle da rede no futuro.


Com o acordo firmado, o Casino compraria, em junho de 2012, pelo valor simbólico de 1 dólar, uma ação da Wilkes, a holding que controla o Pão de Açúcar, e cujo capital é dividido praticamente meio-a-meio com a família Diniz. Isso o tornaria acionista majoritário da varejista. A rede francesa também teria o direito de escolher o nome do novo presidente do conselho.

2011 – Abilio tenta unir as operações do Pão de Açúcar e do Carrefour no Brasil

Em meados do ano passado, Abilio e o banco BTG Pactual, de André Esteves, tentaram unir as operações do Pão de Açúcar e do Carrefour no Brasil, principal concorrente do Casino na França, com o intuito de o empresário não perder o controle do grupo.  A operação fracassou e causou um mal-estar entre os dois sócios que, na época, chegaram a trocar farpas publicamente sobre o assunto. O Casino classificou o negócio como ilegal e hostil.

Na mesma época, o Casino aumentou sua participação no Pão de Açúcar em 3,3%, para 37%, investindo na operação mais 363 milhões de dólares.  O aporte, segundo o grupo francês, era para reiterar a intenção do Casino de fortalecer o desenvolvimento de longo prazo do Grupo Pão de Açúcar.

2012 – Casino deve assumir controle do Pão de Açúcar

A partir da próxima semana, o Casino deve assumir o controle da varejista brasileira. No mês passado, companhia francesa enviou uma notificação a Abilio informando-o de que Jean Charles Naouri vai assumir a presidência do conselho de administração da Wilkes, holding que controla grupo brasileiro. No mesmo comunicado, o Casino afirmou que vai exercer a opção de comprar uma ação ordinária da Wilkes, o que lhe confere a maioria das ações com direito a votos.

Mesmo com as mudanças anunciadas a partir da próxima semana, Abilio continuará tendo voz dentro da companhia, mas seus poderes serão limitados. Será a primeira vez que o empresário terá de se contentar com uma posição de menor influência na companhia fundada por seu pai, Valentim Diniz, no final da década de 40. Abilio trabalha na companhia da família desde menino e não ter mais o controle nas mãos será uma realidade que o empresário terá de enfrentar a partir da próxima semana.  

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