Embora a redução de emissões possa vir com um investimento inicial mais alto associado à construção de novas infraestruturas, ela traz um custo recorrente mais baixo devido à redução no consumo de combustível, como acontece na instalação de painéis solares (Blue Sol Energia Solar/Divulgação)
Países e empresas, cada vez em maior número, estão estabelecendo metas para se tornarem net zero. Uma recente análise do Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre política climática detalha a quantidade de investimento necessária nos próximos cinco a dez anos para atingir zero emissões líquidas até 2050 de maneira favorável ao crescimento.
A estimativa é que entre US$ 6 trilhões e US$ 10 trilhões em investimentos globais, públicos e privados, sejam necessários na próxima década para mitigar as mudanças climáticas. Isso equivale a um acumulado de 6% a 10% do PIB global anual.
A estratégia apresentada pelo FMI tem três frentes: precificação de carbono, um plano de investimento verde e medidas para uma transição justa.
É um elemento-chave da estratégia de descarbonização, diz a análise do FMI, indicando ser improvável que o investimento verde e o apoio à pesquisa e desenvolvimento sejam suficientes para atingir o net zero até meados do século.
A precificação do carbono incentivaria uma mudança para combustíveis mais limpos, e a análise mostra que atrasar essa estratégia em dez anos provavelmente resultaria em não alcançar as metas net zero no prazo.
Um acordo sobre preços mínimos de carbono entre os principais emissores, com preços diferenciados de acordo com o nível de desenvolvimento, como proposto recentemente pela equipe do FMI, poderia facilitar a ação sobre a precificação do carbono.
Seria uma solução para as preocupações de que uma ação unilateral poderia levar a perdas de competitividade para empresas de energia intensiva e setores expostos ao comércio ao transferir a produção para países com preços mais baixos.
Os investimentos verdes, diz o FMI, são cruciais para permitir a transição para uma economia de baixo carbono e apoiar a precificação do carbono.
Transformar radicalmente o sistema de energia exigirá que os investimentos sejam ampliados para financiar a mudança de combustíveis fósseis para renováveis, bem como para redes elétricas inteligentes, medidas de eficiência energética e eletrificação em setores como transporte, edifícios e indústria.
Investir em pesquisa e desenvolvimento também é fundamental — será necessário mais progresso em tecnologias de baixo carbono para viabilizar a transição para o net zero.
Em muitos setores, embora a redução de emissões possa vir com um investimento inicial mais alto associado à construção de novas infraestruturas, ela traz um custo recorrente mais baixo devido à redução no consumo de combustível.
Instalar painéis solares para alimentar uma bomba de água para uma vila rural envolve um novo custo inicialmente, por exemplo, mas a energia do sol é gratuita. Os investimentos para melhorar a eficiência energética seguem um caminho semelhante.
Na frente internacional, o apoio financeiro será necessário para as economias em desenvolvimento, que devem ter maiores custos na transição e poucos meios para arcar com ela. Grandes emissores de carbono como China, União Europeia, Japão, Coreia e Estados Unidos se comprometeram a atingir o net zero até meados do século. Isso reduzirá uma grande parte das emissões globais, mas também fornecerá soluções tecnológicas e políticas para tornar essa mesma meta mais fácil e acessível para outros países.
Ainda assim, sem uma política climática global, os emissores menores de hoje se tornarão grandes emissores à medida que suas populações e renda cresçam.
Esses também são os países, muitas vezes, mais atingidos pelos efeitos das mudanças climáticas. Para essas nações, os custos de transição são mais difíceis de suportar, devido ao rápido crescimento das necessidades de energia e menos espaço orçamentário para financiar investimentos verdes.