Plataforma da Petrobras: queda no lucro operacional de 2011 reflete o aumento nas despesas operacionais, segundo a empresa (Germano Lüders/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 10 de fevereiro de 2012 às 13h08.
São Paulo – A Petrobras registrou uma queda de 5,3% em seu lucro líquido de 2011 em relação ao valor de 2010. No último ano sob o comando de José Sergio Gabrielli, a estatal lucrou 33,313 bilhões de reais. O resultado foi fraco, segundo Rafael Andreato, analista de investimentos da Planner Corretora. “A receita veio dentro do esperado, mas os custos e despesas vieram bem acima”, afirmou.
O lucro operacional de 2011, de 45,4 bilhões de reais, foi 2% inferior ao de 2010, refletindo o aumento nas despesas operacionais, segundo a Petrobras. Veja quais foram os principais motivos para a queda no lucro líquido da Petrobras em 2011:
Poços secos – custos de exploração e produção
Em 2011, a Petrobras registrou maiores custos exploratórios e com a perfuração de poços. A empresa perfurou mais poços esse ano – e também encontrou mais poços secos, ou seja, gastou com pessoal, tecnologia, e não encontrou nada.
Em seu balanço, a Petrobras destacou o alto custo exploratório do período e o justificou com base no aumento da atividade operacional e nas maiores baixas de poços secos no país. A empresa também destacou as despesas com pesquisa e desenvolvimento (de 705 milhões de reais) refletindo maiores gastos com o Sistema de Separação Submarina de Água e Óleo e com a contratação de projetos junto a instituições credenciadas pela ANP, segundo a empresa. A Petrobras também citou o impacto da perda na recuperação de ativos ( que somou 588 milhões de reais).
Apesar dos poços secos, a exploração de 2011 dá a perspectiva para a Coinvalores de que a empresa vai aumentar a produção do pré-sal em 2012 e atingir a meta de produção média de 2,1 milhões de barris de óleo por dia – que ainda não foi alcançada em 2011.
O custo de produção foi o ponto negativo da Petrobras, segundo boletim da Planner, assinado pelo analista Rafael Andreata. O custo de produção foi de 47,9 bilhões de reais no quarto trimestre de 2011, o que indica um aumento de 34,7% em relação ao mesmo período de 2011, segundo boletim da Planner.
Gastos administrativos e despesas maiores
O principal efeito do resultado ruim de 2011 foram custos e despesas operacionais bem acima do esperado pelo mercado, segundo Andreato. Elas somaram 9,55 bilhões de reais no último trimestre de 2011, o que representa um aumento de 27,12% em relação ao mesmo trimestre de 2010.
A Petrobras destacou – negativamente - as despesas gerais e administrativas (de 845 milhões de reais) devido aos gastos com pessoal (decorrentes do acordo coletivo de trabalho), às despesas com formação e aperfeiçoamento profissional e com serviços técnicos contratados.
Preço da gasolina e importação de combustíveis
Durante o ano de 2011, quem acompanha a Petrobras seguiu o imbróglio do preço da gasolina. A parte de custos de importação de combustível foi bem elevada – e o câmbio não deu motivos para tal aumento, segundo Andreato.
Esse peso da importação de derivados já era esperado pelo mercado, como indica o relatório anual da Fator: “(em 2011) No Brasil, a demanda de petróleo aumentou com o crescimento econômico, porém a estabilidade de preços de venda dos principais derivados e a maior importação, reflexo da menor oferta de etanol, foram negativas à Petrobras”, informa o relatório assinado pelos analistas Rodrigo Fernandes e Hering Shen.
Houve um reajuste no quarto trimestre, que deve repercutir em 2012. Mas ainda assim, a Petrobras tende a sofrer com essa pressão de demanda crescente por derivados, segundo um analista da Coinvalores. Mesmo que a estatal invista em refinarias, como esse não é o principal destino de seus investimentos, essa pressão pode continuar.