Jorge Paulo Lemann: dono da maior fortuna do país, empresário adicionou 1,9 bilhão de dólares à conta bancária do começo do ano até agora (Sergio Lima/FolhaPress/Veja)
Da Redação
Publicado em 28 de março de 2013 às 12h35.
São Paulo - Os donos das maiores fortunas do Brasil encerram o primeiro trimestre com motivos para sorrir. Segundo dados apontados pelo ranking de bilionários da Bloomberg, Jorge Paulo Lemann, Dirce Camargo e Joseph Safra ganharam, juntos, 3,3 bilhões de dólares do começo do ano até agora. Com isso, encerram março com uma fortuna somada de 46,5 bilhões de dólares. Assim, os três galgaram degraus na lista dos mais ricos do mundo.
O cálculo leva em conta apenas as fortunas indicadas pelo ranking no último dia de dezembro e ainda presentes na última publicação da lista, registrando sua evolução até 27 de março - daí a exclusão de Eike Batista, ausente das últimas atualizações.
Jorge Paulo Lemann, um dos principais acionistas da cervejaria AB InBev, subiu três posições na lista e terminou os três primeiros meses de 2013 como o 34º mais rico do ranking. Avaliada em 20,7 bilhões de dólares, sua fortuna aumentou 10% nesse meio tempo, sofrendo um acréscimo de 1,9 bilhão de dólares.
Através da empresa de private equity 3G Capital, Lemann foi protagonista de um negócio dos grandes fechado em fevereiro. O empresário chamou a atenção ao se associar ao megainvestidor Warren Buffett para comprar a Heinz em um negócio de nada menos que 23 bilhões de dólares, um dos maiores já fechados no setor de alimentos.
Apontada como a segunda mais rica do Brasil - e dona da 67ª maior fortuna do mundo - Dirce Camargo, controladora do grupo Camargo Correa, também viu seu patrimônio crescer, embora de maneira mais tímida. Hoje, seus ativos são estimados em 13,6 bilhões de dólares. Do começo do ano para cá, o aumento foi de 200 milhões de dólares, o suficiente para fazê-la abocanhar duas posições na lista.
Já o banqueiro Joseph Safra foi o brasileiro que mais subiu no ranking, passando da 93ª colocação para a 84ª. Seu patrimônio, por sua vez, foi engordado em 10,9%, chegando a 12,2 bilhões de dólares.
Eike Batista: o caso à parte
Outrora presente no top 10 mundial, Eike Batista não está mais entre os 100 mais ricos do planeta. O empresário abriu o ano na 75ª posição, com 12,4 bilhões de dólares. O patrimônio o colocava, inclusive, no terceiro lugar entre os afortunados brasileiros, à frente de Joseph Safra.
Mas uma sucessão de notícias aumentou a desconfiança do mercado sobre a capacidade das empresas X de executar projetos em linha com o prometido, afetando diretamente a cotação das ações na bolsa. Com isso, a fortuna de Eike despencou nos cálculos da Bloomberg, acentuando um movimento iniciado em junho do ano passado, quando a petroleira OGX revisou drasticamente suas expectativas de produção no campo de Tubarão Azul.
Neste ano, a maré ainda não virou para o grupo de Eike: a OGX frustrou novamente as expectativas ao reduzir a média de produção diária nos poços na Bacia de Campos, com o terceiro e mais novo deles operando muito abaixo do inicialmente esperado. A mineradora MMX, por sua vez, desistiu de uma mina no Chile e colocou outros projetos sob análise.
Surgiram rumores sobre a saída da CCX da Colômbia, enquanto a LLX, acusada de danos ambientais com a instalação do Porto de Açu, entrou na mira da Secretaria do Ambiente do Rio de Janeiro. Para terminar, a OSX não conseguiu captar dinheiro no exterior mesmo após oferecer taxas consideradas bastante elevadas.
O resultado? Eike acabou dando adeus à lista de bilionários mundiais, marcando sua última aparição no dia 14 de fevereiro, como 100º colocado do ranking. Na época, seu patrimônio foi avaliado em 10,8 bilhões de dólares. Hoje, quem ocupa essa colocação é o americano Si Newhouse, dono da empresa de mídia Advance Publications e de uma fortuna de 10,6 bilhões de dólares. Como os bens de Eike deixaram de ser atualizados diariamente, sabe-se apenas que eles terminaram o trimestre valendo menos do que isso.
Para além do sumiço de Eike no clube de bilionários mundiais, a queda das ações de suas empresas também o coloca na linha de fogo com credores. Como o empresário havia dado os papéis como garantia para uma série de empréstimos, a desvalorização dos ativos vem fazendo as instituições financeiras pressionarem o bilionário em busca de garantias adicionais. À Bloomberg, fontes não identificadas apontaram a venda de participações acionárias como uma saída encontrada pelo bilionário para quitar débitos e reduzir exigências. Nesta quinta, Eike vendeu mais 24,5% da MPX, de energia, ao grupo alemão E.ON.