Avião da Embraer: empresa está posicionada de forma "muito forte" (Embraer/Divulgação)
Estadão Conteúdo
Publicado em 21 de dezembro de 2016 às 10h31.
Última atualização em 21 de dezembro de 2016 às 10h33.
São Paulo - O ano de 2017 não será um ano fácil, avaliou na terça-feira, 20, o presidente da Embraer, Paulo César de Souza e Silva.
"O mundo anda bastante complicado e a aviação como um todo vem em um ciclo um pouco mais soft", disse. Ele considerou, porém, que apesar do cenário difícil, a Embraer está posicionada de forma "muito forte", tendo em vista os investimentos realizados ao longo dos últimos anos, da ordem US$ 5 bilhões.
Ele destacou os novos projetos em andamento seja na aviação executiva - a nova geração de jatos, os E-Jets E2 - e o avião cargueiro KC-390, que devem chegar ao mercado a partir de 2018.
"(A nova geração de aviões comerciais) vai ser a família de aviões mais eficientes no segmento de 70 a 120 assentos, não tenho dúvida disso, os números mostram, cada um dos aviões tem sua eficiência otimizada para aquele mercado", defendeu.
Segundo Silva, o desenvolvimento dos novos jatos está em dia, com três aviões atualmente em testes de voos e o quarto para entrar em janeiro próximo.
Silva também salientou que do ponto de vista financeiro a companhia segue com classificação de grau de investimento.
"Temos um balanço muito forte e o Brasil está dois 'notes' abaixo da Embraer, ou seja, isso mostra a qualidade dos resultados da Embraer - ativo, passivo e resultado - e nossas ações são para mantermos esse equilíbrio, manter a empresa muito forte e tenho certeza que vamos atravessar 2017 e entrar em 2018 muitíssimo bem", disse o presidente da companhia, durante evento com jornalistas.
O presidente da fabricante brasileira de aeronaves comentou que 2016 também foi um ano difícil, particularmente no País, mas também globalmente.
"Estamos vivendo uma situação inédita, com uma crise econômica e política extremamente forte e ainda não estamos vendo como isso vai terminar ou qual serão os próximos capítulos", afirmou, referindo-se ao Brasil.
Ele disse não estar muito otimista e previu uma melhora do cenário nacional apenas em três ou quatro anos. Ele salientou que a Embraer tem apenas uma pequena fatia de suas receitas provenientes do Brasil, de cerca de 8%. "Desta forma, não estamos sendo muito afetados pela crise", disse.
Em termos mundiais, Silva considerou que houve uma mudança forte de perspectiva, e citou os conflitos pelo mundo, economias ainda em recuperação, como a Rússia, a Europa e os Estados Unidos, e incertezas políticas internacionais, como a saída do Reino Unido da União Europeia e a crise italiana.
"O cenário que desenhamos anos atrás, quando criamos e desenvolvemos o modelo de negócios que temos hoje, acabou não se realizando", disse.
Foco
O vice-presidente de Negócio de Aviação Comercial da Embraer, John Stephen Slattery, avalia que os mercados da América do Norte, China e Sudeste Asiático serão os principais pontos de atuação do segmento ao longo de 2017, enquanto o Oriente Médio deve ganhar espaço a partir de 2018.
Em relação à China, Slattery pondera que, apesar da desaceleração no ritmo de crescimento econômico, o PIB chinês ainda irá se expandir num ritmo próximo a 5% ao ano.
"Esse nível de alta, para nós, é extraordinário", disse o executivo. Para Slattery, esse patamar implica uma alta forte da demanda por voos no País e, consequentemente, faz com que o segmento de aviação comercial permaneça aquecido.
Quanto ao mercado da América do Norte, o executivo avalia que os Estados Unidos estão dando sinais de uma retomada no crescimento econômico, o que também auxilia o segmento de aviação comercial da Embraer. No entanto, ele destaca que a frota das aeronaves norte-americanas já possui uma idade avançada, sendo necessário um novo ciclo de aquisições para a substituição destes ativos.
Já em relação ao Sudeste Asiático, Slattery classifica o mercado como um "alvo chave" para 2017. "Temos uma grande operação em Cingapura, e eu gostaria de abrir novos países no Sudeste Asiático", afirmou.
Questionado sobre o interesse da aviação comercial da Embraer no Oriente Médio, o executivo destaca que a região deverá ganhar mais importância de 2018 em diante, com um plano de substituição dos E-Jets de primeira geração existentes nesse mercado.
"Temos uma boa penetração na região", disse. "As aéreas do Oriente Médio estão animadas em relação à tecnologia dos motores dos E-Jets de segunda geração, por causa do ambiente difícil, com muita areia."
Segmento de defesa
Silva afirmou que o segmento de Defesa e Segurança é a "grande aposta" da companhia para o futuro, com grandes expectativas em relação à aceitação da aeronave KC-390 no mercado global.
"(Defesa e Segurança) já é uma área que vem bem nos últimos anos", destacou Silva, durante almoço com jornalistas, em São Paulo. "Apostamos muito na entrada (do KC-390) de forma mais global".
O executivo ressaltou que a aeronave militar começará a ser entregue à Força Aérea Brasileira (FAB) e aos clientes no exterior a partir de 2018. "Temos alguns planos de reforçar nossa equipe de Defesa no mercado internacional, para que consigamos ter uma penetração com o KC", disse Silva. "Acreditamos que muitas forças aéreas, de muitos países, terão interesse."
O KC-390 é uma aeronave militar que está sendo desenvolvida pela Embraer, capaz de realizar missões de transporte e lançamento de cargas e tropas, reabastecimento em voo, busca e resgate e combate a incêndios florestais, entre outras.
O primeiro protótipo realizou seu primeiro voo em fevereiro de 2015 e dois protótipos estão atualmente em campanha de testes de voo. O avião está atualmente em uma turnê por oito países e espera receber a certificação até o final de 2017.