Heineken (foto/Divulgação)
Luísa Melo
Publicado em 23 de dezembro de 2016 às 08h00.
Última atualização em 27 de dezembro de 2016 às 16h49.
São Paulo - O ano de 2016 não trouxe boas notícias para muitas empresas no Brasil, especialmente para a indústria. Com a crise, anúncios de baixa no ritmo de produção, férias coletivas, fábricas fechadas e demissões foram frequentes.
Até outubro (últimos dados disponíveis), o faturamento real das fabricantes caiu 13,1% em comparação com o mesmo período do ano passado.
As horas trabalhadas na produção foram reduzidas em 8,3% na mesma comparação. Os dados são da CNI (Confederação Nacional da Indústria).
Só nesses 10 primeiros meses, 751.816 postos de trabalho foram fechados, segundo números do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), divulgado pelo Ministério do Trabalho.
O resultado dessa combinação de fatores é uma queda esperada de 3,5% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2016, conforme expectativas do governo.
Abaixo, veja as histórias de algumas das empresas que tiveram de encerrar atividades produtivas no ano:
A Malwee e as dificuldades da crise
A Malwee já começou 2016 com o pé no freio. Logo em janeiro, a empresa fechou uma fábrica em Blumenau, Santa Catarina, e dispensou os 300 funcionários que trabalhavam lá.
A confecção disse que precisou se adequar "à situação econômica brasileira" e que os esforços para reduzir custos não haviam sido suficientes para evitar o encerramento das atividades da unidade, que respondia por cerca de 3% da demanda total do grupo, segundo o G1.
O grupo TPV e as "novas estratégias"
O grupo TPV Technology também anunciou ainda no primeiro mês do ano que, em abril, iria baixar as portas de uma de suas fábricas. A planta produzia monitores e painéis digitais das marcas Philips e AOC.
A fábrica ficava em Jundiaí, no interior de São Paulo, e seu fechamento provocou a demissão de 320 pessoas. Segundo a empresa, a decisão foi tomada por "motivos estratégicos".
A GE e a fábrica "duplicada" da Alstom
Depois de comprar os negócios de energia da Alstom, a General Electric decidiu fechar uma das fábricas da empresa que produzia torres de aço para parques eólicos, em fevereiro.
A unidade ficava na cidade de Canoas, no Rio Grande do Sul. O encerramento das atividades teria provocado a demissão de cerca de 80 pessoas, de acordo com o Jornal do Comércio.
A GE justificou que encontrou sinergias na área durante o plano de integração das duas companhias e que eliminaria duplicidades com a decisão.
A Souza Cruz e o peso dos impostos
Em fevereiro, a Souza Cruz anunciou que ia iria baixar as portas de uma planta na cidade de Cachoeirinha, no Rio Grande do Sul, demitindo 190 trabalhadores, conforme divulgado pelo Valor.
O motivo, segundo a empresa, foi a dificuldade de arcar com o aumento dos impostos sobre o cigarro, aprovado pelo governo.
A Arno e os gargalos logísticos
A Arno anunciou em abril que fecharia uma de suas unidades mais tradicionais, a da Mooca, em São Paulo, para abrir uma nova planta no estado do Rio de Janeiro. Cerca de 450 profissionais foram cortados.
A justificativa da empresa era a de que "não era mais viável manter uma fábrica na região central de São Paulo, com perfil urbano e com dificuldades operacionais e logísticas"
A última fábrica da Osram
A Osram fechou em maio a última fábrica de lâmpadas tradicionais (incandescentes, fluorescentes e de vapor de sódio) do país, de acordo com o Valor.
Só restaram no Brasil as fabricantes de luminárias de LED.
A Heineken e os produtos sem saída
A cervejaria Heineken anunciou em junho que ia baixar as portas de sua fábrica em Feira de Santana, na Bahia. Com a decisão, 126 funcionários foram demitidos.
Conforme o presidente do Sindicato das Indústrias de Cerveja e Bebidas da Bahia, Roberto Santana, disse ao G1, a medida foi tomada porque os produtos feitos na unidade, as cervejas Kaiser e Bavária, estariam com vendas baixas e estoque cheios.
Em nota, a fabricante explica que "a decisão foi tomada com base nos constantes estudos de viabilidade do negócio e na necessidade de levar a operação da companhia a outro patamar de excelência, mantendo sua sustentabilidade econômica".
A General Mills e a crise
A General Mills, dona das marcas Yoki e Kitano, divulgou em julho que iria fechar a parte fabril de sua unidade em São Bernardo do Campo, em São Paulo. No local, permaneceria apenas a parte administrativa.
A empresa também encerrou as atividades do centro de distribuição que tinha em Marília, também em São Paulo, mas não deixou de fabricar nenhum de seus produtos.
Com as medidas, 400 funcionários foram demitidos. A empresa colocou a culpa das mudanças na crise, segundo a Folha.
A P&G e a descontinuidade do sabão em pó
A P&G decidiu que ia passar a focar em sabão líquido e, em agosto, anunciou que pararia de fabricar o produto em pó Ariel.
Com isso, a empresa fechou a fábrica onde o produto era feito, em Anchieta, em São Paulo. Cerca de 175 pessoas trabalhavam na unidade. Alguns foram transferidos para outras plantas, mas o número exato não foi informado.
A Tecsis e a redução de contratos
A Tecsis, principal fabricante de pás para usinas eólicas, fechou uma de suas seis fábricas em setembro. A unidade ficava na cidade de Sorocaba, em São Paulo.
Com o encerramento das atividades, 400 pessoas perderam o emprego. A empresa justificou que precisou baixar as portas para "adequar a estrutura de produção aos contratos vigentes".
A Toyobo e os altos custos (mais o dólar valorizado)
A fabricante japonesa Toyobo encerrou suas atividades de fiação e tecelagem no Brasil em setembro. Com isso, baixou as portas da fábrica que tinha em Americana, no interior de São Paulo.
A unidade empregava 400 pessoas. Segundo o Valor, a empresa justificou que a indústria não era competitiva no Brasil por conta da valorização do dólar e dos aumentos com custos como logística, infraestrutura e folha de pagamentos.
A Coca-Cola Femsa e sua reestruturação
Em outubro, a Femsa, engarrafadora da Coca-Cola no Brasil desistiu de operar a unidade que tinha em Porto Real, no estado do Rio de Janeiro, e demitiu 208 trabalhadores.
Para justificar a decisão, a companhia disse que estava reorganizando a sua capacidade produtiva no Sudeste, de acordo com o Valor.
A Tigre e o aproveitamento de outras fábricas
A Tigre anunciou em novembro que, até fevereiro do ano que vem, vai encerrar completamente as atividades da fábrica de Camaçari, na Bahia.
Duzentos e sessenta e uma pessoas serão demitidas. A empresa disse que tomou a decisão para aproveitar melhor a capacidade de outras plantas que ela tem no Brasil, segundo o G1.