Em 2010, o Ministério Público do Trabalho de Santa Catarina acionou a
Brasil Foods depois de constatar que a empresa resultante da fusão entre Perdigão e Sadia impunha jornadas excessivas aos colaboradores, além de não respeitar as regras de descanso em frigoríficos. Como o trabalho nesses locais exige esforços repetitivos, o MPT entende que há amparo na legislação para a concessão de folgas no exercício da atividade. O caso foi parar na Justiça, que determinou que a Brasil Foods desse pausas e abolisse as horas extras. A liminar saiu em junho do ano passado, depois de algumas decisões favoráveis à BRF. Como a companhia não teria cumprido a decisão de lá para cá, o assunto voltou à mesa do Judiciário um ano depois, que terminou multando a companhia em 5,8 milhões de reais. Em audiência conciliatória, a BRF se dispôs a conceder sete paradas diárias aos trabalhadores, de oito minutos cada. As jornadas, por sua vez, ficaram limitadas a, no máximo, oito horas e 48 minutos por dia. As mudanças vão beneficiar os 5.000 funcionários da companhia na unidade de Capinzal (SC). "Uma empresa com 120.000 funcionários como a BRF, uma das maiores empregadoras privadas do Brasil, está constantemente em discussões e negociações com a Justiça do Trabalho", disse Wilson Mello Neto, vice-presidente de relações instituicionais da companhia. Ele afirma que a empresa decidiu não recorrer da multa depois que a Justiça aceitou sua sugestão de reverter o dinheiro para a comunidade local, sendo empregado em creches, unidades de pronto atendimento hospitalar e na qualificação de mão de obra.