"Todos sabemos que a Europa não tem sido capaz de convencer os mercados", disse o vice-ministro da economia italiano (Daniel Roland/AFP)
Da Redação
Publicado em 18 de dezembro de 2011 às 15h42.
Bruxelas - A zona do euro buscará maneiras de lidar com a sua crise da dívida soberana esta semana, oferecendo mais dinheiro ao FMI e liquidez em longo prazo para os bancos, enquanto busca regras fiscais mais severas, depois de a agência de classificação Fitch duvidar da sua capacidade de encontrar uma solução definitiva.
"Todos sabemos que a Europa não tem sido capaz de convencer os mercados de que a sua estrutura de governança e suas medidas contra a crise são suficientes," disse o vice-ministro da economia italiano, Vittorio Grilli, numa entrevista publicada no domingo.
"Precisamos de mais integração e ferramentas mais eficazes. Ainda não chegamos lá," ele disse ao jornal Il Sole 24 Ore.
Líderes da ZE concordaram em 9 de dezembro em escrever nas constituições nacionais uma regra que determina que os orçamentos precisam estar equilibrados ou excedentes, em termos estruturais. Se não forem, medidas corretivas entrarão em ação, automaticamente.
Tais regras limitarão drasticamente os empréstimos feitos pelos governos, reduzirão a dívida e os políticos da ZE esperam que isso ajude a restaurar a confiança do mercado na sustentabilidade das finanças públicas.
Mas mudanças constitucionais vão demorar um ano ou mais e os mercados querem garantias imediatas de que o dinheiro investido na ZE é seguro, especialmente depois que os bancos receberam, em outubro, o pedido de aceitar uma perda de 50 por cento nos seus títulos gregos, como parte de um segundo pacote de resgate ao país que começou a crise da dívida.
Os líderes europeus insistiram, tardiamente, que o caso da Grécia era único e que não abria um precedente.
Para responder às preocupações do mercado de que eles não teriam dinheiro suficiente para impedir que a crise se espalhe pela Itália e Espanha, os líderes da zona do euro, adiantaram em um ano, para julho de 2012, o lançamento do seu fundo de resgate permanente de 500 bilhões de euros.
Eles também concordaram em oferecer 150 bilhões de euros em empréstimos bilaterais ao FMI, para aumentar a sua capacidade de combate à crise.
Cerca de 50 bilhões de euros, a mais, podem vir de países de fora da ZE e, possivelmente, mais de fora da Europa.
Os ministros das finanças da zona do euro vão discutir durante uma teleconferência na segunda-feira uma minuta do texto sobre o novo modelo fiscal da ZE, para que ele possa estar pronto até o final de janeiro, disseram autoridades da UE.
Eles também vão considerar o tamanho de cada um dos empréstimos bilaterais para o Fundo Monetário Internacional, durante as conversações.
A resposta do mercado à reunião de cúpula de 9 de dezembro tem sido fria, especialmente devido à reticência do BCE (Banco Central Europeu) em intensificar a compra de títulos da ZE e em declarar a sua intenção de fazê-lo.
"Embora reconhecendo as medidas extraordinárias que o BCE adotou para fornecer liquidez ao setor bancário europeu, sua relutância em sustentar um nível semelhante de apoio aos seus acionistas soberanos mina os esforços dos países membros da zona do euro de colocar em prática uma proteção financeira confiável", disse na sexta-feira, a agência de classificação Fitch.
Outras incertezas também pesaram. "Uma semana depois da reunião de cúpula de Bruxelas, a base do acordo fechado começou a se desfazer mais rapidamente do que acontece normalmente", disse em uma nota, o banco Emirates NBD.
"Praticamente todos os aspectos do acordo parecem estar sendo mexidos e desmontados, desde o grau de integração fiscal, ao tamanho do poder de fogo disponível para os fundos de resgate e até mesmo, o apoio prometido ao FMI," disse o banco.