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Zelensky pede pressão sobre Rússia após Trump sugerir sanções financeiras contra Moscou

Delegação americana desembarcou na capital russa nesta quinta-feira para levar termos negociados com Kiev na Arábia Saudita sobre fim dos confrontos no Leste Europeu

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Publicado em 13 de março de 2025 às 13h23.

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O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse nesta quinta-feira esperar que os EUA pressionem a Rússia a aceitar os termos do cessar-fogo de 30 dias negociados por Kiev e Washington na Arábia Saudita nesta semana, um dia após o presidente americano, Donald Trump, mencionar a possibilidade de impor sanções financeiras contra Moscou, caso as negociações não avancem. O comentário do líder ucraniano aconteceu pouco após uma comitiva americana pousar em Moscou para apresentar os termos oficialmente às autoridades russas, que demonstraram sinais de insatisfação com a ideia de uma trégua.

"Lamentavelmente, por mais de um dia, o mundo ainda não ouviu uma resposta significativa da Rússia às propostas feitas. Isso demonstra mais uma vez que a Rússia busca prolongar a guerra e adiar a paz o máximo possível", escreveu Zelensky em uma publicação em suas redes sociais. "Esperamos que a pressão dos EUA seja suficiente para obrigar a Rússia a encerrar a guerra".

A menção de Zelensky a uma possível pressão americana ocorre um dia após Trump fazer uma sugestão discreta sobre a imposição de sanções econômicas e financeiras a Moscou em caso de oposição às negociações de paz. O presidente já havia feito ameaças neste sentido anteriormente, mas comentou o tema na quarta-feira de forma mais reticente, dizendo que esperava não ter que chegar a isso para obter o aceite ao acordo.

— Posso fazer coisas financeiras que seriam muito ruins para a Rússia. Não quero fazer isso porque quero alcançar a paz — disse o republicano a repórteres no Salão Oval da Casa Branca, onde se reuniu com o primeiro-ministro da Irlanda, Michael Martin.

Mesmo antes da posse, analistas americanos já se referiam à hipótese de imposição de sanções contra a Rússia como forma de obter um acordo formal para o fim do conflito no Leste Europeu. O presidente voltou a se referir ao tema após retomar o poder oficialmente, mas o assunto ficou em segundo plano diante da reabertura de canais diplomáticos e aparente reaproximação de Washington e Moscou — e das disputas públicas com Zelensky.

Comitiva americana em Moscou

A Casa Branca informou que o negociador Steve Witkoff, enviado de Trump para mediar os conflitos na Faixa de Gaza e na Ucrânia, estava a caminho de Moscou nesta quinta — a agência de notícia Tass confirmou o desembarque da delegação americana no aeroporto Vnukovo, em Moscou, em um voo que partiu de Doha, nos Emirados Árabes Unido. Antes da chegada de Witkoff, outras autoridades do setor diplomático deram sinais a Moscou de que irão pressionar pelo aceite aos termos.

— Se eles disserem "não", isso nos dirá muito sobre quais são seus objetivos e qual é sua mentalidade, mas não quero entrar nisso antes mesmo que eles nos respondam — disse o secretário de Estado americano, Marco Rubio, na quarta, ao afirmar que "a bola" estava com a Rússia.

Pelas declarações anteriores à reunião de Witkoff com negociadores russos, a expectativa por um sim imediato não são tão altas. O conselheiro de política externa de Putin, Yuri Ushakov, disse nesta quinta-feira que Moscou não tem interesse em um cessar-fogo temporário com a Ucrânia, acrescentando que a proposta na mesa beneficia apenas a Kiev.

— Eu declarei nossa posição de que isso [o acordo proposto] não é nada além de um alívio temporário para os militares ucranianos, nada mais — disse Ushakov, referindo-se a um telefonema com o conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, Mike Waltz. — Não nos dá nada. Só dá aos ucranianos uma oportunidade de se reagrupar, ganhar força e continuar a mesma coisa. (Com AFP)

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