Criadora do blog "Generación Y", ganhadora de prêmios de jornalismo e de direitos humanos em vários países, Yoani se definiu como uma pessoa com um "alto compromisso com a liberdade" (REUTERS/Ueslei Marcelino)
Da Redação
Publicado em 11 de março de 2013 às 06h23.
Puebla - A blogueira cubana Yoani Sánchez negou neste domingo ter vínculos com o governo dos Estados Unidos, um país do qual afirmou ser muito crítica, e garantiu ser defensora da soberania nacional, mas, sobretudo, da soberania cidadã.
"Sou pró Cuba, não tenho qualquer relação com o governo de outro país", afirmou em sua primeira entrevista coletiva durante a reunião semestral da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) na cidade de Puebla, no México.
A jornalista afirmou que nunca foi financiada por um governo estrangeiro: "Não vejo por que meu nome tem que estar vinculado com outro país, um país do qual tenho muitas críticas", disse em referência aos Estados Unidos.
Sobre o bloqueio dos Estados Unidos a Cuba, afirmou ser um tema que o governo cubano utiliza como uma verdadeira "cortina de fumaça" para desviar a atenção dos grandes problemas internos do país.
O principal bloqueio é "aquele imposto pelo governo aos nossos direitos, um bloqueio que eu e muitos de meus compatriotas enfrentamos a cada dia".
"Atualmente o principal argumento do governo cubano para explicar seu fracasso econômico e a falta de direitos no interior da ilha é a presença desse embargo", afirmou.
Criadora do blog "Generación Y", ganhadora de prêmios de jornalismo e de direitos humanos em vários países, Yoani se definiu como uma pessoa com um "alto compromisso com a liberdade", muito preocupada com as pessoas humildes, das quais devemos oferecer todo tipo de oportunidades.
"Muitos dos males que estamos vivendo na América Latina, entre eles o caudilhismo, o populismo, os supostos messias" se devem a "pouca preocupação dos Estados e governos em educar, dar oportunidades, para a maioria dos pobres", afirmou.
Yoani também fez um chamado aos jovens para que opinem e façam uso da palavra, apesar do risco.
"Não tenho medo que manipulem minhas palavras, tenho mais medo que manipulem meu silêncio", afirmou a blogueira, convencida de que existem muitos cubanos ativistas, preparados, com projetos de nação, mas que necessitam de um microfone para que suas vozes sejam ouvidas.
"Há muita gente preparada para o dia seguinte, o que necessitamos são estes microfones para chegar aos nossos compatriotas, precisamos perder o medo, que saibam que por trás do insulto oficial existem mentiras", acrescentou.
Mas enquanto houver um "monopólio oficial da informação, como vamos explicá-lo?", sustentou, e se disse esperançosa pelos avanços que estão sendo alcançados através das redes sociais.
A visita da blogueira ao México faz parte de uma viagem de oitenta dias que inclui escalas em uma dezena de países da América e Europa.