Xi Pinjing se apresentou perante a imprensa internacional; ele deve liderar o país nos próximos dez anos (Reuters)
Da Redação
Publicado em 15 de novembro de 2012 às 09h03.
Xi Jinping sucedeu Hu Jintao à frente do Partido Comunista chinês (PCC) e, portanto, da China, potência mundial de cunho autoritário em plena mutação que este homem deverá reformar e livrar da corrupção galopante que a ameaça.
Xi, de 59 anos, se apresentou perante a imprensa internacional à frente do novo grupo dirigente de sete pessoas, a "direção coletiva" que deve tomar as rédeas do país pelos próximos dez anos.
Diante dos flashes e das câmeras de todo o mundo, Xi subiu ao palco do Palácio do Povo seguido pelos seis novos dirigentes que formarão o "santa santorum" do poder chinês, o "comitê permanente" do Birô Político do PCC.
Rompendo a tradição, com ar grave, embora sorridente, depois de apresentar seus camaradas Xi pronunciou um breve discurso no qual advertiu que tanto ele quanto a nova equipe assumem "enormes responsabilidades", e reconheceu que o Partido Comunista enfrenta "graves desafios", incluindo a corrupção, ressaltou.
Mas os novos dirigentes chineses estão mobilizados para "garantir uma vida melhor" ao seu povo, assegurou.
Diferentemente da overdose midiática observada na eleição presidencial dos Estados Unidos na semana passada, a aparição à luz do dia da nova direção do partido único chinês, no poder desde 1949, coloca um ponto final aos trabalhos, cercados de segredos, do 18º congresso do PCC, excepcionalmente atingido por casos de corrupção e abusos de poder na alta "nomenclatura" comunista.
Reunido pela manhã, o novo comitê central do PCC, 205 dignitários eleitos na véspera pelos congressistas, deveria designar um novo Politburo de 25 membros.
Entre eles foi eleito o cenáculo - reduzido de nove a sete membros - das máximas personalidades do regime, no qual Xi Jinping terá que se impor nos próximos cinco anos de seu primeiro mandato, seguido, a princípio, de um segundo.
Este grupo estrito será composto, além do novo líder, por Li Keqiang, Zhang Dejiang, Yu Zhengsheng, Liu Yunshan, Wang Qishan e Zhang Gaoli, segundo a agência oficial chinesa.
Ao se despedir, Hu Jintao pediu que "faça limpeza" na casa chinesa, afundada em corrupção: "Se fracassarmos na hora de tratar corretamente esta questão, poderá ser fatal para o partido, e até provocar seu colapso e a queda do Estado", advertiu ao inaugurar o Congresso.
Primeiro dirigente nascido após a fundação do regime comunista por Mao Tsé-Tung, em 1949, a personalidade de Xi Jinping é um grande enigma, e sua carreira é própria de um integrante do partido que foi subindo à sombra de seu antecessor.
Filho de um "herói revolucionário", Xi Jinping é um dos "príncipes vermelhos", a aristocracia que governa um país em plena mutação.
Sua esposa, Peng Liyuan, uma famosa cantora que tem a patente de general do exército, é mais popular que ele na China, e o casal tem uma filha que estuda nos Estados Unidos, na Universidade de Harvard, com nome falso.
Seguiu uma carreira clássica de dirigente comunista, primeiro provincial, depois em Xangai, antes de integrar o "santa santorum" do PCC em 2007 e assumir a vice-presidência da República em 2008.
A censura bloqueou imediatamente as revelações da agência Bloomberg em junho passado sobre a fortuna de sua família, avaliada em mais de 2 bilhões de dólares.
Na política externa, não são esperadas mudanças espetaculares na questão diplomática. Xi Jinping reivindica "o orgulho histórico e nacional" da China.
Em relação aos direitos humanos, Xi Jinping deverá decidir se manda colocar em liberdade o prêmio Nobel da Paz 2010, o intelectual dissidente Liu Xiaobo.
Xi é apresentado, em geral, como um homem de compromisso aceitável pelas facções reformistas e conservadoras. Será apoiado por Li Keqiang, que em março substituirá Wen Jiabao no cargo de primeiro-ministro.
Hu Jintao, por sua vez, passará aos bastidores do poder, como ocorreu com ex-dignitários do regime, entre eles o ex-presidente Jiang Zemin (1992-2002), o mais poderoso de todos.
Hu cedeu a Xi a presidência da poderosa Comissão Militar Central (CMC), o órgão do PCC que controla o exército.