Vice-presidente chinês Xi Jinping: Xi terá que pilotar a economia de um país que luta para crescer 7,5% ao ano (Xinhua/Li Xueren/Reuters)
Da Redação
Publicado em 16 de novembro de 2012 às 13h19.
Pequim - O novo líder da China, Xi Jinping, iniciou nesta sexta-feira suas tarefas à frente do país após ser nomeado como secretário-geral do Partido Comunista Chinês (PCCh) e presidente da Comissão Militar Central, um mandato no qual desafios não vão lhe faltar.
Apesar de Xi não ser considerado oficialmente chefe de governo até a Assembleia Popular, que será realizada somente no próximo mês de março, sua apresentação ontem como secretário-geral da formação, após o encerramento da 18ª edição do Congresso do PCCh, aparece como o tiro de largada para uma década no comando da superpotência.
Neste aspecto, a publicação de hoje no jornal oficial do Exército de Libertação Popular (ELP), que assegura que as forças armadas aceitarão "absolutamente as ordens do Partido, da Comissão Militar Central e de seu presidente, Xi Jinping", acaba comprovando essa suposição.
Xi passou a ser o líder máximo da Comissão Militar Central depois que Hu Jintao abandonou o cargo ontem. Aliás, esse fato causou a surpresa de muitos, já que seu antecessor, Jiang Zemin, ainda se manteve no posto por dois anos após ter deixado a Presidência.
Desta forma, o ainda vice-presidente herda, junto ao provável futuro primeiro-ministro Li Keqiang, um país muito mais potente do que o encontrado há dez anos pelo ainda presidente Hu Jintao e o ainda primeiro-ministro Wen Jiabao, mas também com "consideráveis desafios", assegurou à Agência Efe Peter Martin, analista da consultoria APCO Worldwide em Pequim.
"Uma delas é o atual modelo econômico chinês, que está em uma desesperante necessidade de reformas", completou Martin.
Xi terá que pilotar a economia de um país que após crescer a um vertiginoso ritmo de dois dígitos nos últimos anos, agora luta para alcançar o objetivo anual de 7,5%, isso em um gabinete que conta com liberais, como o próprio Li Keqiang, até políticos mais conservadores, como Zhang Dejiang, formado na Coreia do Norte.
Dentro deste objetivo, o governo chinês optou por impulsionar a demanda interna e ter uma classe média acomodada, posturas que abriram espaço para "as crescentes tensões sociais que ameaçam a estabilidade política do país a longo prazo", apontou Martin.
Outro desafio importante está relacionado às questões ambientais, tema que já foi abordado tanto pelo presidente em fim de mandato como por Xi, que sublinhou a importância do meio ambiente em inúmeros discursos durante essa troca de liderança.
Apesar de Xi liderar o Comitê Permanente, principal órgão de poder do Partido, com menos membros que o anterior (sete ao invés de nove), alguns analistas também ressaltam que o novo líder também terá que lidar com as influências de dois antecessores: Hu e o octogenário Jiang Zemin.
No entanto, os analistas apontam que esta situação poderá começar a melhorar dentro de cinco anos, quando será realizado o 19º Congresso do PCCh e vários membros do Comitê Permanente próximos a Jiang terão que se aposentar por terem completado os 70 anos, dando espaço aos mais jovens e reformistas que agora ficaram fora.
Segundo Martin, os novos líderes terão que "adotar uma estratégia política brilhante para poder avançar", e que a magnitude dos desafios que lhes esperam "requer uma coragem que não foi vista nos últimos dez anos".
"Um deles, talvez o maior, é que desta vez há 1,3 bilhão de chineses com crescentes expectativas sobre o que o governo deverá fazer por eles".