O presidente da China, Xi Jinping, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Mikhail Svetlov/Getty Images)
Gabriela Ruic
Publicado em 26 de maio de 2020 às 16h19.
Última atualização em 26 de maio de 2020 às 17h21.
O presidente Xi Jinping aposta no poder do governo da China para apoiar o desenvolvimento de vacinas do país na corrida global para fabricar doses que combatam o coronavírus.
A enorme escala e velocidade do esforço da China aumentam a pressão sobre os Estados Unidos, onde o governo do presidente Donald Trump lançou o programa Operation Warp Speed para acelerar a pesquisa e o desenvolvimento de vacinas. Xi prometeu compartilhar qualquer vacina bem-sucedida globalmente, e o presidente chinês ganharia imensa influência geopolítica caso a China produzisse uma das primeiras doses aprovadas.
No total, cinco vacinas desenvolvidas por empresas chinesas estão sendo testadas em humanos, mais do que qualquer país. O governo de Pequim mobilizou autoridades de saúde, reguladores de medicamentos e institutos de pesquisa para trabalhar ininterruptamente com empresas locais. Líderes do Partido Comunista estão supervisionando alguns testes de vacinas. O dinheiro do governo e do setor de private equity foi investido em empresas como a Sinovac Biotech, com sede em Pequim, que em maio iniciou a segunda etapa do teste de sua vacina.
Os esforços chineses ficaram evidentes na sexta-feira, quando um estudo publicado na revista médica The Lancet mostrou que uma vacina experimental da chinesa CanSino Biologics era segura e gerava uma resposta imune. Mas é muito cedo para prever o sucesso da vacina, e investidores venderam ações da Cansino em meio a preocupações que o produto possa ter deficiências.
A China ainda pode cruzar a linha de chegada primeiro, disse Brad Loncar, diretor-presidente da Loncar Investments nos EUA e investidor da CanSino. No entanto, ele compartilha as preocupações sobre a vacina experimental da empresa.
“Se esta será uma vacina forte que oferece proteção total, isso é outra história”, disse.
A rápida publicação em uma revista internacional mostrou a seriedade da iniciativa chinesa. A China também busca candidatas a vacinas usando tecnologias mais tradicionais e mais passíveis de produção em massa.
O país asiático enfrenta forte concorrência do Reino Unido e dos EUA, e ainda é difícil avaliar quais vacinas experimentais funcionarão e cruzarão a linha primeiro. Mas os países que receberem as primeiras vacinas aprovadas ganhariam uma arma importante no momento em que governos tentam emergir de bloqueios que causaram grave retração econômica.
A China usaria uma vacina para mostrar que tem um papel responsável na saúde global, disse Nicholas Thomas, professor associado especializado em saúde pública da Universidade da Cidade de Hong Kong. “A questão que surgirá é até que ponto a vacina será usada para fins geopolíticos, especificamente com o Estados Unidos.”