Winnie Mandela: descrita por muitos sul-africanos como "Mãe da Nação", ela foi casada com Mandela durante entre 1958 e 1996 (Siphiwe Sibeko/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 2 de abril de 2018 às 19h32.
Última atualização em 2 de abril de 2018 às 20h21.
Morta nesta segunda-feira, 2, aos 81 anos, a ativista antiapartheid Winnie Mandela, mulher do ex-presidente sul-africano Nelson Mandela, é ainda uma figura controvertida na África do Sul, em virtude de sua atuação política durante e depois do apartheid.
Descrita por muitos sul-africanos como "Mãe da Nação", ela foi casada com Mandela entre 1958 e 1996, período que abarcou os 27 anos em que o ex-presidente esteve preso. "Winnie manteve a memória de Nelson Mandela viva durante o cárcere e ajudou na luta pela Justiça na África do Sul", disse a família em nota.
Winnie Mandela chegou a ser presa e confinada à solitária durante o apartheid. Anos depois, ainda sob o governo dos brancos, foi assediada constantemente pela polícia e impedida de se reunir com mais de uma pessoa ao mesmo tempo.
Ao retornar aos poucos à vida pública, já na reta final do apartheid, em 1986, defendeu em um discurso o fim de protestos pacíficos e apoiou a execução extrajudicial de informantes policiais. Anos depois, em 1997, ela teve de testemunhar a uma comissão da verdade sobre esses fatos.
Com a redemocratização, Winnie se elegeu deputada e subiu na burocracia do Congresso Nacional Africano (CNA), chegando a ocupar ministérios e a estar entre os cinco políticos mais importantes do país. Ela foi acusada, depois de se tornar uma representante eleita, de fraude e corrupção.
Winnie e Mandela se separaram em 1992, dois anos depois da libertação do líder antiapartheid, em meio a acusações de infidelidade da parte dela. Nos anos finais da vida de Mandela, no entanto, os dois reconstruíram uma relação amistosa. Mãe de dois de seus filhos, ela travou disputadas na Justiça pelo espólio do ex-marido.