Bradley Manning é suspeito de ter vazado milhares de comunicações diplomáticas secretas (Daniel Joseph Barnhart Clark/Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 16 de março de 2011 às 23h53.
Washington - A organização americana de defesa das liberdades civis, Aclu, denunciou as condições "desumanas" de prisão do soldado Bradley Manning, acusado de ter vazado milhares de documentos secretos ao Wikileaks, segundo uma carta dirigida ao secretário de Defesa, Robert Gates.
"Escrevo para informá-lo sobre nossa grande preocupação com as condições desumanas nas quais o soldado Bradley Manning está detido na prisão militar de Quantico", escreveu Anthony Romero, diretor da Aclu em carta divulgada à imprensa nesta quarta-feira.
Romero lembra que Bradley Manning "não foi declarado culpado de nenhum crime" e que sua prisão provisória deveria preservá-lo de "sanções punitivas".
"A Suprema Corte estabeleceu há tempos que o governo viola a VIII emenda da Constituição, que impede castigos cruéis e inabituais, quando 'impõem um sofrimento arbitrário e sem razão", afirmou Romero.
"Nenhuma razão legítima justifica deixar Bradley Manning (...) em isolamento com uma absoluta inatividade, privá-lo do sono multiplicando as inspeções durante a noite, privá-lo de qualquer possibilidade de fazer exercício, mesmo na cela, retirar seus olhos para que não pudesse ler", enumerou.
O Pentágono "também não tem motivo legítimo para exigir do soldado que se mantenha de pé e completamente nu, com as pernas abertas, com os genitais ao ar livre sob o olhar de guardas e agentes presentes".
"O objetivo real desse tratamento é humilhar e traumatizar" o prisioneiro, analisou Romero, que pediu a Gates que tomasse "todas as medidas necessárias para garantir que o soldado Manning seja tratado humanamente e respeitando a lei".
Bradley Manning, 23 anos, está preso desde julho de 2010 por ter transmitido ao Wikileaks milhares de documentos secretos americanos. Foi acusado de "confabular com o inimigo" e corre o risco de ser condenado a cadeia perpétua.