Protesto de opositores no Egito: vice-presidente do país já declarou que Irã é uma ameaça (Peter Macdiarmid/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 7 de fevereiro de 2011 às 07h16.
Londres - O novo vice-presidente egípcio, Omar Suleiman, goza de plena confiança do presidente, Hosni Mubarak, e é ao mesmo tempo um firme e velho aliado dos EUA, segundo documentos obtidos pelo WikiLeaks.
Em um desses documentos, publicados nesta segunda-feira pelo jornal britânico "Financial Times", a atual embaixadora americana no Cairo, Margaret Scobey, qualifica Suleiman de político "pragmático com uma aguda mente analítica" e elogia sua "visão e influência".
Os documentos também refletem as fortes suspeitas que o regime iraniano tem de Suleiman, até pouco tempo chefe dos serviços de inteligência egípcios.
Segundo o novo vice-presidente, o Irã representa uma "grande ameaça para o Egito" por seu apoio à chamada guerra santa e "aos extremistas egípcios".
"Se os iranianos apoiassem a Irmandade Muçulmana se transformariam em nosso inimigo", afirmou Suleiman em certa ocasião.
Apesar de Suleiman ter se referido várias vezes ao suposto perigo apresentado pela Irmandade Muçulmana, seus argumentos nem sempre convenceram a diplomacia americana.
Assim, em um documento diplomático de novembro de 2005, o então embaixador americano, Francis Riccardione, escreveu que "os egípcios sempre agitaram o fantasma da Irmandade Muçulmana".
"A melhor forma de fazer frente a uma política islamita de alvos estreitos consiste em abrir o sistema político egípcio", agregou o diplomata.
De acordo com outros documentos, que citam um amigo do político, Suleiman "se sentiu muito magoado" quando o presidente Mubarak voltou atrás na promessa de nomeá-lo vice-presidente há vários anos.
Segundo esses documentos, Suleiman viu frustradas suas ambições pela influência da esposa do presidente, Suzanne Mubarak, que, decidida a impulsionar a carreira política de seu filho, Gamal, impediu a nomeação.