Professora premiada com o Nobel da Paz faleceu por conta de um câncer, dia 25 de setembro (Peter Macdiarmid)
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2011 às 20h44.
São Paulo - Centenas de pessoas às lágrimas acompanharam neste sábado, em um grande parque do centro de Nairóbi, o funeral da prêmio Nobel da Paz , Wangari Maathai, falecida em 25 de setembro, que recebeu honras de chefe de Estado.
O local da cerimônia de cremação, o Uhuru Park (Parque da Liberdade em swahili), foi salvo da destruição por Wangari Maathai, famosa por sua luta contra o desflorestamento e morta aos 71 anos vítima de um câncer.
Seus restos, colocados em um caixão feito de bambu e fibras de jacinto coberto com a bandeira queniana, foram cremados no final da cerimônia.
Ela havia dito, segundo a sua família, que não queria que uma árvore sequer fosse cortada para o seu caixão.
"Além de ter sido uma mulher de grande coragem e tenacidade, a professora Maathai mostrou, por exemplo, suas virtudes para servir à nação", declarou o presidente Mwai Kibaki.
Várias figuras políticas de todo o mundo participaram das últimas homenagens a Wangari Maathai.
O embaixador da Noruega no Quênia, Per Ludvig Magnus, considerou que a morte de Wangari é "uma perda para o mundo, mas que seus objetivos continuarão vivos".
Seus filhos e netos plantaram uma árvore neste parque que o regime autoritário do ex-presidente Daniel Arap Moi quis destruir para dar lugar a um gigantesco arranha-céu.
Figura de destaque na luta ambientalista em seu país desde os anos 70, Wangari Maathai obteve notoriedade internacional em 2004 com o prêmio Nobel da Paz. O júri justificou sua escolha na época indicando "a abordagem global (de Maathai) do desenvolvimento sustentável, que engloba a democracia, os direitos humanos e, em particular, os das mulheres".
Nascida no dia 1º de abril de 1940, em Ihithe, no centro fértil do Quênia, Wangari Maathai, dotada de forte personalidade e de grande energia, foi uma das raras jovens quenianas da época a se beneficiar de uma educação, graças a seu irmão mais velho Nderitu, que a matriculou em uma escola de irmãs católicas.
Ela ganhou nos anos 60 uma bolsa de estudos americana que a permitiu estudar Biologia em Atchison (Kansas), e depois em Pittsburgh. Mais tarde, voltou ao Quênia independente, onde se tornou em 1971 a primeira mulher a concluir um doutorado na África Central e do Leste.
Uma de suas fotos onde aparecia com um largo sorriso e vestida com uma roupa típica africana, foi colocado ao lado do carro que transportou o caixão. O hino nacional foi entoado e os sinos das igrejas soaram.