Vulcão de Fogo: autoridades não descartam a possibilidade que uma nova torrente de materiais vulcânicos nas próximas horas ou dias (Jose Cabezas/Reuters)
AFP
Publicado em 6 de junho de 2018 às 21h04.
Última atualização em 7 de junho de 2018 às 11h14.
O Vulcão de Fogo, na Guatemala, continuava a provocar explosões e lançar torrentes de lama e cinzas pelas montanhas nesta quarta-feira (6), depois de deixar mais de 75 mortos e 192 desaparecidos.
O Instituto de Vulcanologia (Insivumeh) informou nesta quarta-feira que as chuvas na região do vulcão podem provocar avalanches devido à grande quantidade de material expelido no domingo, durante a forte erupção.
O órgão adverte que os fluxos vulcânicos podem transportar "material fino similar ao cimento, pedras de 1 metro de diâmetro e troncos de árvores".
"A atividade prossegue e não se descarta a possibilidade que uma nova torrente de fluxos piroclásticos nas próximas horas ou dias, pelo qual se recomenda não permanecer na zona".
O vulcão registra explosões fracas a um ritmo de 4 a 5 por hora, que geram uma coluna de fumaça cinza de 4.700 metros de altura.
"As explosões estão provocando avalanches moderadas que têm a distância aproximada de 800 a mil metros e, em sua trajetória, estão carregando material fino a uma altura de cerca de 100 metros", afirmou o Instituto de Vulcanologia.
"Há cinzas persistentes no meio-ambiente".
As autoridades disseram que 75 já morreram, mas espera-se que este número aumente.
"Já temos os dados com nomes e locais onde há pessoas desaparecidas e o número é 192", afirmou Sérgio Cabanas, diretor da Coordenadoria para a Redução de Desastres (Conred).
Centenas de pessoas foram evacuadas de sete comunidade na região de Escuintla perto do cume, enquanto moradores fugiam de carro desesperadamente, provocando um trânsito caótico.
Uma grande nuvem de cinzas se elevou ali. Todos os morados encontrados pelas autoridades foram evacuados, antes que a polícia, os militares e as equipes de resgate recebessem ordens de se retirar.
Centenas de agentes trabalhavam em condições adversas para procurar restos mortais no emaranhado de escombros, poeira e terra deixados pelos deslizamentos de terra.
Toda a área de buscas estava coberta por uma grossa camada de poeira. A polícia usava tinta vermelha para marcar as casas onde já haviam buscado corpos.
Mais de 12 mil pessoas foram evacuadas de suas casas, segundo a Conred, e mais de 3 mil estavam em abrigos temporários.
Nesta quarta-feira, voluntários locais se organizavam para distribuir comida aos agentes de resgate.
"Viemos em apoio às pessoas que estão arriscando suas vidas pelos que moram aqui", disse Gladys Vian, de 56 anos.
Essa foi a erupção mais forte registrada na Guatemala em quatro décadas.
As nuvens de poeira na região cobriram estradas, carros e pessoas, enquanto um rio de lama derretida escorria pela montanha.
Autoridades disseram que a velocidade a força da erupção surpreendeu as comunidades, com muitos mortos dentro de casa.
Apesar de ofertas de ajuda de Estados Unidos, México e outros vizinhos latino-americanos, autoridades guatemaltecas não requisitaram apoio internacional.
O Ministério de Relações Exteriores afirmou que a Conred vai ajudar a determinar a necessidade desses pedidos.
O presidente Jimmy Morales foi criticado nas redes sociais por esperar passivamente para reagir a ofertas ajuda internacional.
O diretor da Cruz Vermelha deve visitar a Guatemala nesta quinta-feira, informou a organização, com sede em Genebra.