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Voto antecipado vira tendência e dá pista sobre resultado nos EUA

Para a candidata democrata Hillary Clinton, há boas e más notícias na disputa contra o republicano Donald Trump

Votação: a apuração da votação antecipada indica que os democratas comparecem em maior número (Chris Keane/File Photo/Reuters)

Votação: a apuração da votação antecipada indica que os democratas comparecem em maior número (Chris Keane/File Photo/Reuters)

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AFP

Publicado em 3 de novembro de 2016 às 12h02.

Mais de 27 milhões de pessoas já votaram de forma antecipada nas eleições dos Estados Unidos, uma tendência que oferece algumas pistas sobre o resultado da eleição de 8 de novembro.

Para a candidata democrata Hillary Clinton há boas e más notícias na disputa contra o republicano Donald Trump.

A apuração da votação antecipada indica que os democratas comparecem em maior número que os republicanos às urnas em alguns estados, algo que de acordo com os analistas favorece a ex-secretária de Estado.

Mas o comparecimento é menor entre os jovens e os negros, grupos demográficos importantes na vitória do presidente Barack Obama em 2008.

Chicago, cidade de adoção do presidente e a terceira maior do país, é um exemplo do que acontece a nível nacional.

Na cidade, a votação antecipada é similar ou até mesmo excede a registrada em 2012, quando o primeiro presidente negro da história dos Estados Unidos foi reeleito. Mesários afirmam que os locais de votação ficam cheios no horário do almoço.

"É muito importante, para seguir com o que Obama começou", disse a democrata Deborah Land, de 61 anos, perto de um local de votação antecipada no centro da cidade.

Leal herdeira

O sentimento deveria ajudar Clinton, que faz campanha como a leal herdeira de Obama e guardiã de seu legado.

Hillary Clinton foi uma dura rival do presidente nas primárias democratas de 2008, mas acabou como a chefe da diplomacia do primeiro mandato de Obama. Agora sonha em fazer história como a primeira mulher eleita para a presidência dos Estados Unidos.

Mas tanto Clinton como Trump são muito impopulares, com taxas de aprovação reduzidas: 44% para a democrata e 38% para o republicano, de acordo com a média das pesquisas elaborada pelo site RealClearPolitics.

E depois de uma das campanhas mais violentas e repletas de baixarias da história, muitos eleitores estão mais motivados por sua rejeição a um candidato do que pela simpatia a um postulante.

Mark Baker, de 57 anos, é um exemplo. Como eleitor de Hillary, afirma que seu estímulo este ano é "a natureza da eleição e, francamente, o senhor Trump".

Mas o surpreendente anúncio na sexta-feira passada da reabertura da investigação do FBI sobre os e-mails de Clinton injetou uma dose de incerteza na disputa.

As pesquisas mostram uma batalha apertada entre os candidatos e uma sondagem ABC/The Washington Post divulgada esta semana apontou Trump na frente de Hillary pela primeira vez desde maio.

Mais significativo, a pesquisa revelou que o entusiasmo entre os seguidores de Clinton caiu de 51% a 43%, enquanto o nível permaneceu em 53% para Trump.

Michael McDonald, da Universidade da Flórida e que monitora o voto antecipado, considera pouco provável uma mudança entre os eleitores.

"As pessoas consumiram uma enorme quantidade de informação sobre os candidatos. Já tomaram uma decisão e estão saindo para votar", disse.

Até o momento, na votação antecipada há sinais de entusiasmo entre os latinos, as mulheres e os brancos liberais.

"Os sinais de preocupação para a campanha (de Clinton) estão nos reduzidos níveis de votos antecipados entre os negros e os jovens, que são peças essenciais entre aqueles que elegeram e reelegeram Obama", destaca Barry Burden, professor de Ciências Políticas na Universidade de Wisconsin-Madison.

Xeque-mate

Mas Trump enfrenta obstáculos ainda maiores.

Nos estados cruciais de Nevada, Virginia e Colorado, a democrata está na frente nos votos antecipados, de acordo com McDonald.

"Isto é quase como um xeque-mate, porque Trump teria que vencer em praticamente todo o resto dos estados disputados", afirma.

Além disso, os latinos apoiam com ampla vantagem Hillary Clinton. De acordo com alguns cálculos, 27,3 milhões deles podem votar nesta eleição, quatro milhões a mais que na votação presidencial anterior, segundo o centro de pesquisas Pew.

Além disso, Trump precisa defender sua posição em estados republicanos.

O Texas, por exemplo, vive um grande entusiasmo com o voto antecipado. Mais de 25% de todos os possíveis eleitores já depositaram suas cédulas nas urnas a seis dias da eleição.

A forte votação antecipada no Texas é ainda mais intrigante ante as novas pesquisas, o que gera especulações sobre se o estado - tradicionalmente republicano - poderia dar a vitória à democrata.

A disputa está levando os dois lados a votar de maneira antecipada, confirmou Brandon Rottinghaus, professor de Ciências Políticas na Universidade de Houston, que considera pouco provável que Hillary vença no Texas. Mas ele afirma que ela deve perder por pequena margem.

"Isto seria um êxito para os democratas", destaca, já que poderia ajudá-los em futuras eleições.

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