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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.
Atenas - Ao menos 150 voos cancelados ou atrasados, museus fechados e hospitais que só aceitam pacientes em casos de urgência são algumas das consequências da greve de servidores públicos realizada hoje na Grécia para protestar contra a reforma da previdência.
Cerca de 2 mil manifestantes caminharam de forma pacífica pelas ruas de Atenas até o Parlamento, coincidindo ao meio-dia com a tramitação da lei e o debate dos artigos sobre a reforma da previdência.
A nova lei foi aprovada ontem à noite de forma preliminar pela maioria de 157 votos do partido governamental socialista, contra 129 da oposição, embora hoje a normativa volte a ser debatida e artigo por artigo precise ser referendado.
Outros 1 mil manifestantes na segunda maior cidade grega, Salônica, expressaram seu descontentamento pela lei que eleva a idade média de aposentadoria para os 65 anos e aumenta de 35 para 40 os anos de contribuição necessários para obter a pensão máxima.
Além disso, o novo sistema de aposentadorias equipara a idade de aposentadoria feminina à masculina e reduz o nível das pensões a partir de 2011.
Na manifestação participaram funcionários de fazenda, de alfândegas, das diversos bancos e servidores municipais.
No entanto, um porta-voz da União de Funcionários Civis (Adedy) informou à Agência Efe que o acompanhamento da greve foi limitado "devido ao fato de 50% dos empregados civis já estarem em férias e os serviços públicos terem funcionado com equipes de emergência".
As portas da Acrópole de Atenas e dos demais espaços arqueológicos helenos permaneceram fechados hoje, pela segunda vez nesta semana, o que prejudicou o dia de milhares de turistas que esperavam visitá-los.
Os servidores do Ministério da Cultura e Turismo se somaram hoje aos protestos contra a lei e em demanda de contratos permanentes, pedindo aumento de pessoal para cobrir as necessidades de guardas durante a temporada alta.
Os hospitais públicos atenderam só os casos de urgência, dada a participação na greve dos médicos. A categoria de saúde anunciou também que vai começar uma greve de cinco dias a partir da segunda-feira.
Esta nova mobilização se produz para protestar contra uma nova normativa que amplia o horário das consultas e suspende o funcionamento dos recintos hospitaleiros consultas privadas que até agora faziam-se fora de horário.
O escritório de estatísticas grego informou hoje que o desemprego subiu em abril 11,9%, aumento de 2,5 pontos contra 9,4% alcançado no mesmo mês do ano passado.
À reforma da previdência seguem os cortes nos salários no setor público, medidas consideradas necessárias para reduzir em três anos o déficit fiscal de 13,6% do PIB de 2009 para 8,1% neste ano, com o objetivo situá-lo abaixo de 3% até 2014.
O sindicato patronal e o sindicato do setor privado (GSEE) chegaram hoje a um acordo em Atenas para "congelar" os salários neste ano e aumentá-los em 2011 de acordo com o aumento do índice de inflação da zona do euro.
O salário mínimo no setor privado se fixa em 750 euros mensais a partir de julho de 2011, desde os 740 euros atuais, embora a nova lei laboral deixa aberta a possibilidade de chegar a acordos com os trabalhadores, a fim de diminuir esse mínimo.