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Von der Leyen é aprovada como próxima presidente da Comissão Europeia

A conservadora alemã Ursula von der Leyen é a primeira mulher a liderar a comissão executiva da União Europeia

UE: a indicação da aliada Angela Merkel foi aprovada por 383 votos a 327 (Vincent Kessler/Reuters)

UE: a indicação da aliada Angela Merkel foi aprovada por 383 votos a 327 (Vincent Kessler/Reuters)

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AFP

Publicado em 16 de julho de 2019 às 15h10.

Última atualização em 16 de julho de 2019 às 15h43.

Ligada à chanceler Angela Merkel, a conservadora alemã Ursula von der Leyen, confirmada como presidente da Comissão Europeia, chega a Bruxelas com um controvertido balanço no ministério da Defesa de seu país, mas como uma imagem pró-europeia convicta.

Apoiada pelo presidente francês, Emmanuel Macron, com quem demonstrou ter um bom entrosamento no salão internacional aeronáutico de Le Bourget, em junho, a dirigente francófila é apreciada pelo governo francês, especialmente pela boa cooperação em temas franco-alemães.

Chefe das Forças Armadas alemãs há seis anos, esta mulher enérgica de 60 anos foi durante um tempo considerada a sucessora certa da chanceler, que a nomeou ministra em cada um de seus quatro governos (2005-2019).

Uma série de escândalos salpicaram o Exército e seu ministério por causa de equipamento obsoleto, baixos investimentos, especialistas com pagamentos excessivos, incremento da extrema direita nas patentes... O veredicto dos alemães é duro: segundo uma pesquisa recente do jornal Bild, ela é considerada um dos ministros menos competentes do governo.

Apesar dessa imagem arranhada, Ursula von der Leyen chega em Bruxelas, a cidade onde nasceu e cresceu até o começo da adolescência, com um trunfo importante: a confiança de França e Alemanha, quando parecia que Macron e Merkel não conseguiam se entender em nada.

Carreira espetacular

Além do alemão, Von der Leyen fala francês e inglês. Ela aperfeiçoou seu inglês na Califórnia, onde seu marido foi durante vários anos professor da prestigiosa universidade de Stanford.

A carreira política da "Röschen" (pequena rosa), como é chamada no âmbito familiar, é espetacular, mesmo para a filha de um barão da política regional alemã, Ernst Albrecht.

Só em 2002, depois de morar nos Estados Unidos, candidatou-se e foi eleita a um mandato local na região de Hanôver. Três anos depois, era ministra do Trabalho.

Enérgica e tenaz, cortante para alguns, seu temperamento era mal visto no mundo masculino das forças armadas.

Também ganhou a antipatia da hierarquia militar ao denunciar as "fragilidades" e o "espírito de corpo" não pertinentes, após a detenção, em 2017, de um oficial suspeito de preparar um atentado contra estrangeiros.

A ministra também foi suspeita em 2015 de plagiar seu doutorado, um tema muito sensível na Alemanha, que causou a queda de várias autoridades políticas.

Sacudir o Exército

Primeira mulher a ocupar o cargo de ministra da Defesa, Ursula von der Leyen também sacudiu a respeitada instituição.

Impôs o fim da tradição das honrarias para oficiais que trabalharam para Hitler, como o general Erwin Rommel, conhecido por sua campanha no norte da África durante a Segunda Guerra Mundial e apelidado de "raposa do deserto".

A ministra também fez muitas visitas às forças alemãs no Afeganistão e no Iraque.

É médica de formação e mãe de sete filhos em um país onde continua sendo difícil para uma mulher conciliar a maternidade com a carreira profissional, aparecendo com frequência nas primeiras páginas dos jornais com seus rebentos ao ponto de ser acusada de instrumentalizar sua prole.

Dentro do Partido Democrata-cristão (CDU), opôs-se a seu próprio campo em alguns assuntos, ao reivindicar, por exemplo, cotas femininas na direção das grandes empresas.

Em um país afetado pelo envelhecimento da população e onde a natalidade está em forte queda, Ursula von der Leyen é também a "mãe" do salário parental, do qual os alemães podem se beneficiar durante os 14 meses após o nascimento de um filho.

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