Pessoas seguram lápis gigantes durante ato em apoio às vítimas do ataque ao jornal Charlie Hebdo (Justin Tallis/AFP)
Da Redação
Publicado em 10 de janeiro de 2015 às 12h06.
O cartunista holandês Willem, que trabalha no jornal Charlie Hebdo, afirmou neste sábado à imprensa francesa que "vomita sobre quem, de repente, diz ser amigo", após o ataque contra o periódico satírico.
"Temos muitos novos amigos, como o papa, a rainha Elizabeth e Putin, acho muita graça", ironizou, em entrevista ao jornal holandês de centro-esquerda Volkskrant.
"Marine Le Pen [presidente da Frente Nacional francesa] fica contente quando os islamitas começam a atirar para todos os lados", acrescentou.
Consultado sobre o apoio expresso pelo líder da extrema direita holandesa Geert Wilders, Willem insistiu: "vomitamos sobre as pessoas que, de repente, garantem ser nossos amigos".
Willem, pseudônimo de Bernard Holtrop, é um cartunista de 73 anos que mora na França há vários anos. Ele desenha para o Charlie Hebdo e para o jornal Libération.
Na quarta-feira, ele estava viajando entre Lorient (oeste) e Paris, quando soube do ataque contra a sede do Charlie Hebdo por radicais islâmicos.
"Nunca vou às reuniões de pauta porque não gosto", disse Willem em outra entrevista ao Libération. "Talvez isto tenha salvado a minha vida".
Willem insistiu na importância de continuar publicando o Charlie Hebdo e de desenhar. "Se não, eles vencem", afirmou.