Equipe busca vítimas do tsunami em Ishinomaki, no Japão: polícia estima 28 mil mortos (Paula Bronstein/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 18 de abril de 2011 às 10h31.
Ishinomaki, Japão - Limpar barro, reparar casas e distribuir comida: centenas de voluntários trabalham na cidade japonesa de Ishinomaki, arrasada pelo tsunami de 11 de março e onde, pouco a pouco, algumas ruas começam a voltar à vida.
O campus da Universidade de Senshu, na parte alta da cidade, se transformou no quartel-general dos jovens chegados de todo o Japão para ajudar os moradores após a pior tragédia desde a Segunda Guerra Mundial.
Dezenas de tendas de campanha são erguidas na grande esplanada universitária, perto das barracas de comércio na rua onde é feito o registro dos recém-chegados para colaborar nos trabalhos de reconstrução, que tentam acelerar antes da chegada do verão.
Pela última apuração policial, o terremoto e o tsunami de 11 de março deixaram quase 28 mil mortos e desaparecidos, deles 5 mil só em Ishinomaki, a segunda maior cidade da região que fica atrás de Sendai.
A grande massa de água que seguiu ao terremoto de 9 graus na escala aberta Richter invadiu a cidade e apagou do mapa urbano a área portuária, que aparece ainda como uma sucessão de escombros, prédios destruídos e veículos tombados.
Apesar dos restos de barro e os destroços ainda visíveis, muitos dos refugiados que foram para o abrigo por falta de água, gás e eletricidade começaram a voltar para suas casas, que grupos de voluntários tentam tornar mais habitáveis.
"No ritmo atual serão necessários 800 dias para que toda a costa afetada esteja outra vez limpa", calcula Mai Inoue, uma jovem moradora de Sendai que nos fins de semana viaja para Ishinomaki, equipada de botas e grossas luvas de borracha, para participar das tarefas de reconstrução.
Com outros quatro voluntários, Mai se vai até a casa de uma senhora que pediu ajuda: a idosa explica que precisa que alguém retire os grandes tapetes que protegem o chão da moradia, que há mais de um mês ainda continua úmido e torna o local insalubre.
Molhado, cada tapeçaria que cobre o chão das casas japonesas - pode pesar até 100 quilos, por isso que a tarefa de retirada é pesada para os idosos que sobreviveram à catástrofe e que, ao retornar para suas casas a partir dos centros de refugiados, as encontram ainda alagadas.
Enquanto trabalha para levantar o tapete, Akira Watanabe, outro voluntário, conta que viveu de perto o terremoto de Kobe que em 1995 matou mais de 6 mil pessoas. Por isso, quando viu a tragédia de março não exitou em ajudar.
À zona arrasada chegou em 14 de março e desde então viaja pelos povoados litorâneos destruídos para ajudar no que pode, acrescenta, antes de concluir sua tarefa, colocar os móveis no lugar e conectar o televisor que, milagrosamente, funciona e faz com que a idosa se emocione.
Pelos dados da Polícia divulgados nesta segunda-feira, mais da metade dos mortos pelo tsunami e o terremoto foram idosos de 65 anos; aqueles que sobreviveram estão entre os mais vulneráveis e dependem em grande medida do trabalho dos voluntários.
Os últimos números falam de 2.783 mortos e 2.770 desaparecidos em Ishinomaki, quase um terço dos 8.437 falecidos e 7.757 desaparecidos na província de Miyagi, onde ainda quase 45 mil refugiados.
Além dos voluntários, o Exército também atua na cidade. Todos participam das tarefas de limpeza de estradas e retirada dos escombros das ruas para permitir a passagem dos veículos.
O Governo deve começar a construir moradias temporárias na parte alta da cidade para as famílias que perderam suas casas em meados de maio próximo.