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Vizinhos condenam ataque de Israel ao Irã, e potências ocidentais advertem Teerã contra retaliação

EUA indicam a Teerã que nova resposta militar pode levar país ao conflito e prejudicar seus esforços de mediação por um cessar-fogo no Oriente Médio

Agência o Globo
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Publicado em 26 de outubro de 2024 às 15h37.

A comunidade internacional reagiu entre condenações dos vizinhos aos extensos ataques de Israel ao Irã na noite de sexta-feira — em retaliação ao disparo de 180 mísseis contra seu território no início do mês — e advertências e apelos a Teerã para que não revide, evitando uma escalada que possa agravar ainda mais os conflitos já em curso na região em Gaza e no Líbano.

Os ataques israelenses atingiram alvos militares espalhados pelas províncias de Teerã, Khuzeztan e Ilampor e mataram quatro soldados, segundo as autoridades iranianas, mas as versões oficiais indicam que teriam causado apenas "danos limitados", o que pode levar o país a segurar a mão na sua resposta. Ainda assim, o chanceler Abbas Araqchi disse que o Irã tem "o direito e o dever de se defender contra atos de agressão estrangeiros", enquanto o principal porta-voz militar de Israel , contra-almirante Daniel Hagari, advertiu Teerã de que o regime dos aiatolás pagará "um preço elevado" se responder militarmente ao ataque.

Segundo o jornal israelense Haaretz, o governo americano expressou apoio aos bombardeios, que classificou de "precisos" e "proporcionais", e advertiu Teerã, em mensagem por um terceiro país que mantém relações diplomáticas com o Irã, de que uma resposta militar a Israel pode levar ao envolvimento dos EUA e atrapalhar os esforços de negociação de Washington, em andamento, para alcançar um cessar-fogo.

Na mensagem enviada ao Irã, dizem as fontes do Haaretz, citadas em anonimato, os EUA esclareceram ao país persa que não participaram dos ataques. O governo de Joe Biden, preocupado com as possíveis repercussões de um amplo ataque de Israel a instalações petrolíferas e nucleares do Irã — como a disparada do preço do petróleo às vésperas das eleições americanas, o que poderia afetar negativamente a candidata democrata, Kamala Harris — vinha exercendo pressão sobre o premier israelense, Benjamin Netanyahu, para que realizasse um ataque de retaliação focado em alvos militares.

Ao mesmo tempo, Washington faz gestões diplomáticas visando ao fim da guerra em Gaza e no Líbano, onde Israel enfrenta, respectivamente, dois aliados de Teerã: o grupo terrorista Hamas e o grupo xiita libanês Hezbollah. Nesta sexta-feira, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, terminou sua 11ª viagem ao Oriente Médio desde o início da guerra, em outubro do ano passado, sem conseguir avanços.

Apelos à moderação

Outras potências ocidentais foram incisivas em alertar o regime dos aiatolás para que não retalie os ataques israelenses. O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, disse que o "Irã não deve responder" aos bombardeios israelenses.

"Está claro que Israel tem o direito de se defender contra a agressão iraniana e é igualmente claro que devemos evitar uma nova escalada regional, e peço a todas as partes que exerçam moderação", afirmou.

O chanceler alemão, Olaf Scholz, alertou o Irã contra uma "escalada" em uma postagem na rede social X:

"Minha mensagem ao Irã é clara: não deve permitir que a escalada continue. Deve parar agora. Só então se abrirá a possibilidade de uma evolução pacífica no Oriente Médio", escreveu ele.

A França e a Rússia também fizeram um apelo às partes ao comedimento. Um comunicado do Ministério das Relações Exteriores francês pediu que ambos os lados "se abstenham de qualquer escalada ou ação que possa agravar o contexto de extrema tensão que prevalece na região". Já Moscou, aliada de Teerã, disse estar "profundamente preocupada com a escalada explosiva" e exortou a que tanto iranianos como israelenses "ajam com moderação", segundo nota emitida pela porta-voz da Chancelaria, Maria Zakharova.

A União Europeia, em comunicado, também apelou à "máxima moderação" para evitar uma "escalada incontrolável" no Oriente Médio.

Rivais e aliados condenam

Já os vizinhos do Irã — tanto aliados como a Síria e o Iraque quanto adversários como a Arábia Saudita — condenaram o bombardeio do território iraniano.

O governo iraquiano alertou para as "consequências perigosas do silêncio da comunidade internacional diante do comportamento brutal" de Israel. O Paquistão, que também tem fronteira com o Irã, atribuiu "toda a responsabilidade da escalada e da extensão do conflito" a Israel, país que não reconhece.

Por sua vez, o governo saudita, rival de Teerã, condenou os ataques, alertou na rede social X que a situação "ameaça a segurança e a estabilidade dos países e povos" do Oriente Médio e reafirmou sua "firme posição de rejeição à escalada do conflito na região". Os Emirados Árabes Unidos usaram o mesmo tom de Riad e condenaram o bombardeio do Irã enquanto se declaravam "profundamente preocupados com a escalada contínua e suas consequências para a segurança e estabilidade regionais".

Outro país do golfo que não tem as melhores relações com Teerã, o Catar, uniu-se ao coro das condenações ao que chamou de "violação flagrante da soberania do Irã", segundo um comunicado do Ministério das Relações Exteriores, e pediu a "todas as partes envolvidas que demonstrem moderação e resolvam suas divergências por meio do diálogo e de meios pacíficos".

A Síria, que também sofreu bombardeios em seu território, condenou a "agressão israelense" e afirmou que apoia "o direito legítimo de defesa do Irã". A Turquia, onde o presidente Recep Tayyip Erdogan tornou-se um dos maiores críticos regionais de Israel, pediu o fim "do terror" israelense.

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