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Vizcarra anuncia pacto social ao assumir presidência do Peru

Kuczynski renunciou pressionado pela difusão de vídeos e áudios que mostravam uma suposta compra de votos para evitar sua destituição como presidente

Martín Vizcarra: atual presidente trabalhava desde setembro como embaixador no Canadá (Guadalupe Pardo/Reuters)

Martín Vizcarra: atual presidente trabalhava desde setembro como embaixador no Canadá (Guadalupe Pardo/Reuters)

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Reuters

Publicado em 23 de março de 2018 às 19h17.

Última atualização em 23 de março de 2018 às 19h18.

Lima - Martín Vizcarra tomou posse nesta sexta-feira como novo presidente do Peru e, em sua primeira mensagem, prometeu uma luta de frente contra a corrupção para tirar o país da crise política que explodiu com a renúncia de Pedro Pablo Kuczynski, encurralado por denúncias de irregularidades.

Em discurso logo após receber das mãos do presidente do Congresso a faixa alusiva à bandeira do país andino, o engenheiro civil de 55 anos assegurou que irá trabalhar pela unidade e um pacto social que começará com uma convocação a diálogos amplos.

"Os graves acontecimentos que foram conhecidos nos últimos tempos exigem que se esclareçam responsabilidades e que qualquer tipo de irregularidade cometida seja penalizada como corresponde", disse, gerando aplausos dentro do Congresso unicameral dominado pela oposição.

Kuczynski renunciou na quarta-feira pressionado pela difusão de vídeos e áudios que mostravam uma suposta compra de votos para evitar sua destituição como presidente de uma das economias mais estáveis da América Latina.

O Congresso aceitou nesta sexta-feira sua renúncia e pouco depois empossou Vizcarra, que trabalhava desde setembro como embaixador no Canadá e retornou ao país na madrugada para cumprir a norma constitucional de sucessão presidencial e completar o mandato atual até 2021.

"Seremos muito firmes no combate contra aquelas ações que estão em desacordo com a lei, de onde quer que venham", disse Vizcarra pouco após jurar com a mão direita para o alto. "O que aconteceu deve marcar o ponto final de uma política de ódio e confronto", acrescentou.

Vizcarra assume em meio a uma complexa situação política e descontentamento por parte da população. Uma parte da população saiu às ruas na noite de quinta-feira para pedir a realização de novas eleições, em uma manifestação organizada por grupos de esquerda e estudantes universitários. A polícia usou gás lacrimogêneo para dispersá-los.

Desafios

O objetivo à frente é conduzir o país "para um caminho de credibilidade e estabilidade", manter o que foi feito bem e modificar "o que pode ser melhorado" em questão econômica, adiantou em seu discurso.

Neste sentido, anunciou que nos próximos dias irá formar um gabinete de ministros "que será completamente novo". Fontes próximas a Vizcarra disseram à Reuters na quinta-feira que para isto irá buscar um consenso com grupos políticos e instituições do país.

Ao sair do Congresso, se dirigiu ao Palácio de Governo, onde deu um pequeno discurso aos funcionários.

Os mercados, que aplaudiram a ascensão de Kuczynski ao poder, receberam a transição de forma positiva pela expectativa de que irá acabar com a incerteza política.

O presidente, considerado um hábil negociador, terá entre seus desafios restabelecer a relação com o Congresso e a confiança no país após escândalos de corrupção vinculados à construtora brasileira Odebrecht, que envolveram os últimos quatro presidentes.

"Deve se mover politicamente bem para poder tomar as rédeas do país e isto acontece necessariamente ao conversar com forças políticas e além disto não exacerbar os ânimos, como fez Kuczynski", disse à Reuters o analista político Diethel Coombus.

A maior vantagem de Vizcarra é ser um homem "provinciano" e isto é uma chance para se conectar com as regiões, acrescentou.

Vizcarra foi chamado por Kuczynski para integrar seu grupo presidencial nas eleições de 2016, por conta de seus dotes para desativar conflitos sociais em um país onde as comunidades reivindicam maiores benefícios pela exploração de recursos naturais.

A sucessão de poder ocorre à medida que o Peru se prepara para ser anfitrião da Cúpula das Américas, em 13 e 14 de abril. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, é esperado para o evento.

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