Mundo

Viúva de presidente do Haiti é acusada de ser cúmplice de seu assassinato

Circustâncias da morte, que ocorreu em 2021, foram misteriosas. Informações foram divulgadas pelo jornal Washington Post

Jovenel Moïse: presidente foi morto em 2021 sob circunstâncias misteriosas. (Andres Martinez Casares/Reuters)

Jovenel Moïse: presidente foi morto em 2021 sob circunstâncias misteriosas. (Andres Martinez Casares/Reuters)

Publicado em 20 de fevereiro de 2024 às 07h03.

Um juiz do Haiti indiciou 51 pessoas por seus papéis no assassinato do presidente do país, Jovenel Moïse, em 2021. Entre os acusados de serem cúmplices do crime, está sua esposa, Martine Moïse, que foi gravemente ferida no ataque. O documento foi obtido pelo jornal Washington Post.

Jovenel Moïse, de 53 anos, foi morto na madrugada de 7 de julho de 2021, quando uma equipe contratada por uma empresa de segurança de Miami invadiu sua casa em um subúrbio da capital haitiana, Port-au-Prince, de acordo com a investigação.

O presidente e sua esposa foram baleados depois que os atiradores entraram no quarto do casal e vasculharam a casa, aparentemente em busca de documentos e dinheiro.

Em declarações após o assassinato, a Sra. Moïse disse que se escondeu embaixo da cama do casal para se proteger dos atacantes, de acordo com o indiciamento obtido pelo AyiboPost, um site de notícias do Haiti.

No entanto, o indiciamento diz que o vão entre a cama e o chão era muito estreito, de 14 a 18 polegadas, e o depoimento da viúva foi questionado.

A acusação contra a viúva do Sr. Moïse também se baseia no testemunho de uma testemunha-chave, Joseph Badio, ex-funcionário do Ministério da Justiça que é acusado de ser um dos organizadores do assassinato. O Sr. Badio foi preso em outubro passado depois de passar dois anos escondido.

De acordo com o indiciamento, o Sr. Badio disse que a Sra. Moïse estava tramando com outros, incluindo Claude Joseph, que era o primeiro-ministro na época do assassinato, para se livrar de seu marido "e monopolizar o poder".

O advogado da ex-primeira-dama já havia negado anteriormente a participação dela no crime. "Ela foi uma vítima, assim como seus filhos que estavam lá, e seu marido", disse ele ao jornal The New York Times. A localização atual de Martine Moise é desconhecida.

Dúvidas

O indiciamento, no entanto, não explica o motivo do crime nem como foi financiado. Alguns críticos acreditam que o indiciamento no Haiti está manchado pela política, e acusam o governo do primeiro-ministro Ariel Henry de usar a investigação para atacar seus críticos, incluindo a Sra. Moïse e o Sr. Joseph.

Já uma investigação separada nos Estados Unidos em Miami resultou em acusações contra 11 homens acusados de conspirarem para matar o Sr. Moïse. Seis deles se declararam culpados, enquanto os outros cinco vão a julgamento em maio. 

Atualmente, o Haiti não tem presidente ou funcionários nacionais eleitos e está mergulhado em uma crise de violência com gangues. O documento pode aumentar ainda mais as tensões após uma série de protestos violentos recentes exigindo a renúncia do primeiro-ministro Henry.

Em comunicado, Jean-Junior Joseph, porta-voz de Henry, disse que o primeiro-ministro não tem "relação direta com o juiz instrutor, nem o controla".

"O juiz permanece livre para emitir sua ordem de acordo com a lei e sua consciência", acrescentou.

Acompanhe tudo sobre:HaitiAssassinatos

Mais de Mundo

Trump nomeia Robert Kennedy Jr. para liderar Departamento de Saúde

Cristina Kirchner perde aposentadoria vitalícia após condenação por corrupção

Justiça de Nova York multa a casa de leilões Sotheby's em R$ 36 milhões por fraude fiscal

Xi Jinping inaugura megaporto de US$ 1,3 bilhão no Peru