Papa Francisco (Giuseppe Ciccia/Pacific Press/LightRocket/Getty Images)
Gabriela Ruic
Publicado em 21 de fevereiro de 2019 às 13h37.
Última atualização em 21 de fevereiro de 2019 às 13h51.
São Paulo – Pela primeira vez na história da Igreja Católica, bispos e cardeais de todas as partes do mundo se reúnem no Vaticano para confrontar os casos de abusos sexuais perpetrados por clérigos.
O encontro acontece num momento no qual a entidade se vê submersa em escândalos, sendo o mais recente as denúncias de estupros por padres e contra freiras.
No primeiro dia, o papa Francisco assistiu a um vídeo no qual vítimas deram seus depoimentos sobre os horrores que viveram nas mãos de padres. Os detalhes são chocantes.
“Os abusos duraram 13 anos”, contou uma das vítimas, que foi abusada pela primeira vez aos 15 anos, “engravidei três vezes e ele me fez abortar três vezes, simplesmente porque ele não queria usar camisinha ou outro contraceptivo”, relatou. “Minha vida foi destruída”.
Outro sobrevivente, um padre de 53 anos, contou ter sido molestado na adolescência e, ao levar o caso a um bispo, foi atacado. “Eles acobertaram tudo e isso me mata por dentro”, disse mais uma vítima que disse ter sido molestada “centenas de vezes”. “Eu espero que os bispos façam alguma coisa, pois essa é uma bomba-relógio na Ásia”, alertou.
A cúpula foi convocada por Francisco em setembro do ano passado e terá quatro dias de duração. Ao alto escalão da Igreja Católica, o papa lembrou da responsabilidade de todos no combate aos padres que estupram e molestam crianças. “As pessoas de Deus não querem explicações, mas sim ações concretas e efetivas”, disse ele.
Nesta quinta-feira, o papa apresentou um documento com 21 pontos de ações que visam combater os crimes de abusos sexuais. Um deles é aumentar a idade mínima para casamento de 14 para 16 anos à luz do direito canônico. Hoje, essa idade é de 14 anos para meninas e 16 para meninos. Embora bispos tenham o poder de fazer modificações em seus países, o objetivo de Francisco é o de que essas alterações sejam universais.
https://twitter.com/BurkeCNN/status/1098561743566049280
Apesar das intenções da Igreja Católica em confrontar o tema e agir contra novos casos, ativistas envolvidos no tema duvidam da eficiência das medidas sugeridas e dos resultados que podem surgir a partir da cúpula.
Ao jornal britânico The Guardian, Anne Barrett Doyle, fundadora da entidade Responsabilidade dos Bispos, que monitora os casos de abusos, disse que a igreja não “está nem perto” das reformas necessárias.