Irlanda: o grupo Survivors of Child Abuse (Sobreviventes de Abusos contra Crianças) representa vítimas de abusos físicos, sexuais e emocionais. (Jussi Ekholm/Stock.xchng)
Da Redação
Publicado em 11 de fevereiro de 2013 às 15h10.
Dublin - Um grupo que representa vítimas de abusos contra crianças cometidos em instituições dirigidas por católicos na Irlanda celebrou nesta segunda-feira a renúncia do papa Bento XVI, alegando que ele "não fez nada" para punir os responsáveis por tais ações.
"Este Papa teve uma grande oportunidade de abordar décadas de abusos na Igreja, mas no final das contas não fez nada mais que prometer tudo e, definitivamente, não fazer nada", declarou à AFP John Kelly, do grupo Survivors of Child Abuse (Sobreviventes de Abusos contra Crianças), que representa vítimas de abusos físicos, sexuais e emocionais.
A Irlanda, país tradicionalmente católico, foi sacudido nos últimos anos por uma série de relatórios que revelaram décadas de abusos contra crianças por parte do clero acobertados pela hierarquia da Igreja.
"Pedimos ao Papa sanções contra as ordens religiosas que cometeram os abusos e os líderes religiosos da Irlanda que permitiram que isto acontecesse, mas para nossa consternação não aconteceu nada", completou Kelly.
A Survivors of Child Abuse e outros grupos que representam e defendem as vítimas têm pedido repetidamente ao Vaticano que permitam que o clero culpado por estes abusos enfrentem a justiça.
"A Igreja deve reconhecer que tudo isto aconteceu. Deve reconhecer que deixou entrar o diabo e residir nela durante 50 anos antes de que as pessoas possam aceitar que mudou", acusou.
"A Igreja não pode avançar. A permanência no cargo deste Papa foi contaminada pelos escândalos e isto continuará até que o Papa aborde as raízes do problema", concluiu.