A Polícia suspeitava que Eugene, de 31 anos, atuou sob os efeitos de drogas sintéticas (Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 9 de agosto de 2012 às 21h17.
Miami - O indigente de Miami a quem um homem devorou grande parte do rosto disse que seu agressor o atacou brutalmente sem que ele o provocasse arrancando-lhe ''a carne em pedaços'' e que lhe ''tirou os olhos'', enquanto gritava que ambos os morreriam, segundo as declarações fornecidas a detetives que foram obtidas com exclusividade pelo canal local ''CBS4''.
Assim declarou Ronald Poppo aos detetives de homicídios da Polícia de Miami, Altarr Williams e Frankie Sánchez, no dia 19 de julho.
Poppo, que ficou cego, sofreu o ataque no dia 26 de maio quando Rudy Eugene, conhecido como o ''canibal de Miami'', lhe destroçou com os dentes mais de 50% do rosto em uma rampa de uma transitada estrada desta cidade.
Eugene, nu, atacou Poppo, que também estava sem roupa, e lhe arrancou além de grande parte da testa, uma bochecha e o nariz, antes que a Polícia conseguisse frear o ataque disparando várias vezes contra o agressor que morreu no local.
''O senhor Eugene não tinha nenhuma arma. Não usou nenhum tipo de arma contra mim. Basicamente estava usando a força bruta'', afirmou nas declarações.
A Polícia suspeitava que Eugene, de 31 anos, atuou sob os efeitos de drogas sintéticas, mas os exames de toxicologia não acharam indícios disso, só que tinha consumido maconha.
No interrogatório com os detetives, o indigente relatou que Eugene se comportou como se ''estivesse louco'', gritava ''você vai morrer'' e depois bateu seu rosto contra o chão e tentou estrangulá-lo com ''uma chave de luta livre, enquanto ao mesmo tempo estava tirando meus olhos''.
O indigente, de 65 anos, que está em reabilitação em um centro médico após ser submetido a três cirurgias para enxertar pele nos graves ferimentos que sofreu, expressou que antes do ataque lhe pareceu que seu agressor era um ''bom tipo''.
''Por um curto de tempo pensei que era um bom tipo. Mas se tornou louco. Aparentemente não tinha tido um bom dia na praia, ele estava de volta, e suponho que decidiu se vingar em mim, não sei'', disse.
Acrescentou que Eugene tinha expressado frustração porque não tinha conseguido o que procurava em Miami Beach, mas o agressor não lhe deu detalhes a respeito.
Também o acusou de ter roubado sua bíblia e Poppo assegurou que nunca a viu durante o ataque. As autoridades encontraram páginas da bíblia na cena do incidente.
A vítima, segundo as declarações aos detetives, mostrou estar confusa sobre alguns detalhes do incidente já que disse que Eugene estava vestido quando o atacou e em um vídeo onde ficou registrado o incidente se observa o agressor sem roupa.
O chamado ''caso do canibal'' foi gravado por uma câmera de segurança do jornal ''The Miami Herald'' já que o incidente ocorreu ao sul de sua sede.
Outra das contradições é que Poppo disse aos detetives que Eugene chegou de repente ao local onde ocorreu o ataque, mas no mesmo dia em que ocorreu o fato declarou a agentes policiais que seu agressor lhe comunicou: ''Você vai ser minha mulher e este vai ser um encontro de amantes'', parafraseando o título de uma canção.
Poppo, que viveu nas ruas por 30 anos, foi submetido em junho a três cirurgias no Rayder Trauma Center do hospital Jackson Memorial de Miami para limpar os ferimentos que infeccionaram e para colocar pedaços de sua pele da área da testa e da cabeça para ''cobrir os olhos''.
''Não sabemos quantas cirurgias mais serão necessárias. Isto será um processo longo de recuperação e requereria muitas até ver onde se pode chegar com a reconstrução do rosto'', disse nessa ocasião Jorge Delgado, enfermeiro de trauma, que integrava a equipe médica que atendeu Poppo.
O indigente foi um estudante brilhante de uma escola secundária particular de Nova York e queria ser presidente dos EUA, segundo a imprensa local.