Shinzo Abe: "sem dúvida, prejudicará a cooperação militar entre ambos os países", disse o porta-voz sul-coreano (REUTERS / Kim Kyung-Hoon)
Da Redação
Publicado em 27 de dezembro de 2013 às 08h04.
Seul - A polêmica visita do primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, ao santuário de Yasukuni, símbolo do imperialismo japonês, deteriorará as relações militares entre Seul e Tóquio, disse nesta sexta-feira à agência Efe um porta-voz do Ministério da Defesa da Coreia do Sul.
"Sem dúvida, prejudicará a cooperação militar entre ambos os países", disse o porta-voz em referência à visita realizada ontem por Abe. Yasukuni é considerado na Coreia do Sul um símbolo do colonialismo e da opressão exercidos pelo império japonês no início do século XX.
Seul e Tóquio colaboraram recentemente em algumas manobras de defesa na região e no ano passado negociaram a assinatura de um acordo de troca de inteligência, que no final não aconteceu pela pressão social anti-japonesa na Coreia do Sul.
A ação do chefe de governo japonês causou uma grande reação em Seul, onde cerca de cem pessoas se concentraram hoje para protestar em frente à embaixada do Japão com cartazes que pediam, entre outras coisas, boicote aos produtos japoneses.
A imprensa sul-coreana considerou que a visita de Abe a Yasukuni será um obstáculo para as relações diplomáticas entre ambos os países e poderia inclusive provocar o cancelamento de próximos encontros bilaterais.
Ontem, Seul classificou oficialmente como "lamentável" e "anacrônica" a visita realizada horas antes pelo presidente japonês a Yasukuni, onde se rende homenagem aos milhões de mortos do exército imperial entre 1853 e 1945, entre eles 14 notórios criminosos da Segunda Guerra Mundial.
A Coreia do Sul e o Japão mantêm diversas disputas, entre elas a das ilhas Dokdo/Takeshima, controladas de fato por Seul e reivindicadas por Tóquio, e das mulheres coreanas que foram recrutadas como escravas sexuais pelo Japão durante a Segunda Guerra Mundial.