Dubai têm investido os recursos dos combustíveis fósseis em pesquisa e desenvolvimento de novas formas de energia (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 4 de dezembro de 2012 às 17h14.
São Paulo - A comitiva formada pelo Planeta Sustentável, Caixa e CPFL Energia já está em Doha para acompanhar a semana final de negociações da COP18 e os eventos paralelos à conferência. Nosso grupo chegou nesta segunda-feira (03) à capital do Qatar depois de uma visita de dois dias a Dubai e Abu Dhabi, para conhecer grandes projetos dessas duas cidades importantes dos Emirados Árabes.
Em comum, elas tiveram sua economia baseada na pesca e principalmente na exploração extrativista de pérolas no Golfo Pérsico até seis décadas atrás, quando perderam o mercado para os japoneses, com suas técnicas de cultivo. O declínio da sua principal atividade levou os árabes a descobrir o petróleo e o gás natural – uma virada para esses países em desenvolvimento que ficaram ricos praticamente do dia para noite.
Atualmente, com a necessidade de encontrar fontes alternativas de energia renováveis e limpas em função das mudanças climáticas, os Emirados enfrentam o desafio de se transformar novamente. E para isso têm investido os recursos dos combustíveis fósseis em pesquisa e desenvolvimento de novas formas de energia, e na diversificação de suas atividades, como o turismo. Dubai é o melhor exemplo.
É nessa cidade que fica o maior edifício do mundo – Burj Al Khalifa –, com 828 metros de altura e mais de 160 andares. A visita do grupo ao seu deck de observação, no 124º andar (foto no final deste post), além de impressionante, gera uma discussão: prédios assim têm espaço nas outras grandes cidades e podem ser considerados um modelo sustentável a ser replicado? Segundo estudo da universidade americana de Santa Fé, metrópoles mais densas otimizam melhor sua infraestrutura e recursos. É o caso então de se multiplicar os imensos arranha-céus?
“A partir de um determinado tamanho, os grandes edifícios passam a impactar mais o seu redor, como o trânsito, a ventilação e a iluminação natural. Passam a ser ainda maiores consumidores de energia e geradores de resíduos. É preciso um equilíbrio. Edifícios como o Burj Khalifa só são possíveis de serem construídos pela riqueza abundante”, afirma o consultor em Infraestrutura e conselheiro do Planeta, Kalil Cury Filho. Apesar dessa riqueza ser oriunda do petróleo, ele vê o edifício como uma referência à capacidade de realização humana, um modelo de inspiração, portanto, para a transição futura que será necessária e difícil em relação ao aquecimento global.
Soluções sustentáveis também não são globais, devem se basear nas características locais. “Em Dubai o relevo é plano e desértico, sem elementos relevantes na paisagem, o que faz a cidade investir na grandiosidade arquitetônica. E boa parte de sua infraestrutura ainda está sendo construída”, analisa a gerente executiva de Habitação da Caixa, Anna Paula Cunha. “O planejamento urbano deve levar em conta a cidade em movimento, e não de forma fixa, como tem sido uma constante no Brasil”, completa.