Lichia: fruta estaria ligada à vírus cerebral responsável pela morte de crianças (MmeEmil/Getty Images)
AFP
Publicado em 17 de junho de 2019 às 18h50.
Última atualização em 17 de junho de 2019 às 19h27.
O estado de Bihar, na Índia, enfrentava, nesta segunda-feira (17), duas crises de saúde. Por um lado, um vírus cerebral que estaria vinculado ao fruto tropical lichia e que provocou a morte de mais de 100 crianças, e por outro a onda de calor extremo que já deixou 78 mortos.
Trata-se da segunda onda de calor mais longa já registrada na Índia, o que levou as autoridades a imporem restrições similares a um toque de recolher nesta região pobre do norte do país.
Mas o estado de Bihar, com alguns dos piores indicadores de saúde do país, também enfrenta desde o começo de junho um surto de Síndrome de Encefalite Aguda (AES), uma infecção viral.
Oitenta e cinco crianças faleceram no maior hospital público do estado, o Sri Krishna Medical College and Hospital (SKMCH), na cidade de Muzaffarpur, enquanto outras 18 morreram em um centro privado, apontou Ashok Kumar Singh, um funcionário de saúde da região citado pela Press Trust of India.
A maioria das crianças sofreu uma perda repentina de glicose no sangue, explicou Singh à AFP.
Imagens de televisão mostraram pais angustiados junto a seus filhos, vários deles amontoados em uma mesma cama no hospital.
Um dos pais interpelou o ministro da Saúde indiano, Harsh Vardhan, quando este chegou ao hospital para uma inspeção junto com uma delegação oficial.
Um médico disse a um canal de televisão local que o centro de saúde está mal equipado para atender uma onda de pacientes como esta.
A maioria das crianças chegaram semiconscientes ao hospital.
Anos atrás, cientistas americanos advertiram que esta doença cerebral pode estar vinculada a uma substância tóxica presente na lichia.
Por outro lado, ao menos outras 78 pessoas morreram nas últimas 48 horas em Bihar, atingido há mais de duas semanas por uma onda de calor extremo, segundo um novo balanço estabelecido nesta segunda-feira pelas autoridades.
Cerca de 100 milhões de pessoas vivem nesta região pobre do país.
A maioria das vítimas é natural da região de Magadh, que sofre com a seca e onde são registradas temperaturas de 45ºC.
No sábado à tarde, "dezenas de pessoas vítimas de ondas de calor foram levadas a diferentes hospitais. A maioria morreu na noite de sábado, algumas no domingo de manhã", indicou então Vijay Kumar, um responsável de saúde pública, em declarações à AFP.
A maioria das vítimas tinha mais de 50 anos e foi hospitalizada em estado de semiconsciência, com febres muito altas, diarreias e vômitos, explicou.
Em 2015, uma onda de calor deixou mais de 3.500 mortos na Índia e no Paquistão.