Rebelde sírio avança pelas ruas do bairro de Salaheddin, na cidade de Alepo: O CNS assegurou que 3.306 morreram na de Alepo (Phil Moore/AFP)
Da Redação
Publicado em 20 de agosto de 2012 às 21h13.
Cairo - Os bombardeios das forças sírias e seus combates com o Exército Livre Sírio (ELS) continuaram nesta segunda-feira sem descanso, apesar da celebração da festa de encerramento do Ramadã, em uma crise que já matou quase 23 mil pessoas, segundo a oposição.
O Conselho Nacional Sírio (CNS), o maior grupo opositor no exílio, denunciou hoje em comunicado a morte de de 22.587 pessoas, quase um quarto delas na província de Homs, desde a eclosão da crise política na Síria, em março de 2011.
O CNS assegurou que, além das 6.366 pessoas que morreram na província de Homs, um total de 3.306 morreram na de Alepo e, outros 2.411, na província de Deraa, embora tenha esclarecido que esses números não incluem os desaparecidos e sequestrados, que somam dezenas de milhares.
Uma das mais recentes vítimas da violência na Síria foi uma jornalista japonesa, segundo informou à Agência Efe o presidente do Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), Rami Abderrahman, que afirmou que a repórter ficou gravemente ferida hoje durante um bombardeio sobre o bairro de Suleiman, em Alepo.
A jornalista, cujo nome não foi divulgado, ficou ferida junto com uma pessoa que a acompanhava, quando cobria os confrontos entre os rebeldes e as forças governamentais no bairro.
No entanto, dois ativistas que estão em Alepo e se identificaram como Abu Naeem e Abu Feras, informaram à Efe via internet, assim como a rede opositora ''Sham'', que a japonesa morreu.
Abu Naeem afirmou que a jornalista japonesa morreu no ato e que seu cadáver foi recuperado pelo ELS, enquanto os restos mortais de outro jornalista turco que morreu também no mesmo ataque permanecem na rua, embora as informações não tenham sido confirmadas.
Pelo menos 25 profissionais da imprensa morreram na Síria desde o início do ano, segundo divulgou a ONG Campanha Emblema de Imprensa (PEC) há cinco dias, em Genebra.
A repressão governamental se concentrou hoje na província de Deraa, berço dos protestos contra Bashar al Assad, onde foram bombardeadas tanto a capital homônima da região como os povos de seus arredores.
O ativista Qaisar Zizu, porta-voz da rede opositora ''Sham'' em Deraa, disse à Efe pela internet que duas mulheres, duas crianças e seu pai, além de três soldados desertores, morreram hoje nos bombardeios contra a capital.
Segundo Zizu, muitos feridos não podem ser atendidos devido à falta de remédios e de equipamentos médicos.
Além disso, os hospitais mais importantes da cidade foram atacados pelas forças do regime, por isso muitos enfermeiros e médicos sofreram ferimentos.
No mesmo dia, outros combates aconteceram na cidade de Herak, nos arredores de Deraa, onde pelo menos seis pessoas, incluindo um homem e seus dois filhos, foram executadas a sangue frio e sumariamente em público.
Nos últimos três dias, pelo menos 60 pessoas foram mortas nessa cidade, a maioria em público, segundo o ativista.
Enquanto a violência não diminui, o regime de Damasco lançou hoje sua primeira farpa contra o encarregado pela comunidade internacional de levar o derramamento de sangue ao fim.
O governo sírio criticou o novo enviado da ONU e da Liga Árabe, o argelino Lakhdar Brahimi, por ter dito em uma entrevista ao canal ''France 24'' que a Síria está em guerra civil.
Em entrevista à agência oficial síria, ''Sana'', uma fonte governamental disse que ''falar em guerra civil não tem nada a ver com a verdade'', já que o que há são ''crimes terroristas perpetrados por bandas ''takfiristas'' (fundamentalistas islâmicos) apoiados por países conhecidos que lhes proporcionam dinheiro, armas e refúgio''.
Brahimi foi nomeado em 17 de agosto em substituição a Kofi Annan, que apresentou sua renúncia ao cargo no início do mês, e tomará formalmente as rédeas de seu novo posto em 1º de setembro.
A polêmica de Damasco com Brahimi aconteceu algumas horas depois que os observadores internacionais da ONU terminaram sua missão na Síria, com a impossibilidade de ter condições mínimas de segurança.
A ONU manterá um escritório operacional em Damasco para acompanhar a os incidentes no país árabe, depois de mais de 17 meses de sangrento conflito.