Crianças africanas: além disso, outros 1 milhão de menores estão presos em zonas de difícil acesso (Tiksa Negeri / Reuters)
Da Redação
Publicado em 25 de agosto de 2016 às 09h48.
Dacar - Cerca de um milhão e meio de crianças foram obrigadas a deixar seus lares pela violência do grupo jihadista Boko Haram nos países da Bacia do lado Chade, revelou nesta quinta-feira o Unicef.
Além disso, outros 1 milhão de menores estão presos em zonas de difícil acesso.
Segundo o relatório "Children on the move, children left behind" (Crianças em movimento, crianças deixadas para atrás) o terrorismo do Boko Haram está tendo um efeito especialmente devastador sobre a população infantil da Nigéria, Camarões, Chade e Níger.
"Além das 2,6 milhões de pessoas deslocadas na atualmente, teme-se que outras 2,2 milhões de pessoas - mais da metade delas, crianças- estejam presas em zonas sob o controle do Boko Haram e necessitem de ajuda humanitária", adverte o relatório.
O documento destaca também que 38 crianças foram utilizadas para realizar ataques suicidas na Bacia do lago Chade neste ano, elevando para 86 o número total de crianças forçadas com o mesmo fim desde 2014.
Cerca de 475 mil crianças em toda a região do lago Chade sofrem de desnutrição aguda grave neste ano, frente aos 175 mil que já sofriam no começo do ano, acrescenta.
A maioria da população deslocada - 8 de cada 10 pessoas- se aloja com as famílias e vizinhos, o que envolve uma pressão adicional sobre algumas das comunidades mais pobres do mundo, ressalta o documento.
"A crise do lago Chade é uma crise que afeta a infância e deveria ocupar um lugar prioritário na Agenda Global de Migrações", afirma Manuel Fontaine, diretor regional do Unicef para África Ocidental e Central.
O Unicef recebeu só 13% dos US$ 308 milhões necessários para prestar assistência às famílias afetadas pela violência do Boko Haram na Nigéria, Níger, Chade e Camarões, recalca o relatório, que pressiona a comunidade internacional para que intensifique seu apoio.