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Violência, fantasma que ofusca o futebol argentino

Com 276 mortes relacionadas aos estádios desde 1913, se repetem várias vezes os debates sobre a forma mais efetiva para erradicar a violência no esporte


	Jogador do Boca Juniors: na quinta-feira aconteceram violentos incidentes no centro de Buenos Aires durante a realização do 'Dia do Torcedor do Boca Juniors'
 (Getty Images)

Jogador do Boca Juniors: na quinta-feira aconteceram violentos incidentes no centro de Buenos Aires durante a realização do 'Dia do Torcedor do Boca Juniors' (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 15 de dezembro de 2013 às 11h25.

Buenos Aires - O futebol argentino deu um novo exemplo na semana passada de que é um dos espaços visíveis da sociedade onde se expressa uma cota de violência extrema.

Com 276 mortes relacionadas aos estádios desde 1913, como consta no detalhe da ONG Salvemos o Futebol, se repetem várias vezes os debates sobre a forma mais efetiva para erradicar a violência no esporte.

Em um contexto de saques e greves de policiais provinciais, na quinta-feira aconteceram violentos incidentes no centro de Buenos Aires durante a realização do 'Dia do Torcedor do Boca Juniors'.

Com mais de 30 mil pessoas reunidas ao redor do Obelisco, um dos pontos turísticos mais importantes de Buenos Aires, houve um ataque com pedras e garrafas por parte de alguns dos torcedores do Boca contra a Polícia Federal, com imagens assustadoras e dantescas.

Um jovem de 19 anos que voltava para casa depois das comemorações morreu depois de levar um tiro quando o trem no qual viajava foi baleado.

A composição, que levava vários dos torcedores que foram ao Obelisco, recebeu vários tiros entre as estações Remedios de Escalada e Lanús da ferrovia Rocha, ao sul da região que cerca a capital argentina.

A violência no futebol durante este semestre já tinha feito com que o Torneio Inicial do Campeonato Argentino da primeira divisão fosse disputado somente com torcedores da casa nas arquibancadas.

Mesmo sem torcedores visitantes, atos de vandalismo nos estádios se transferiram para brigas internas das torcidas organizadas, as barras bravas.

Este cenário rebate a explicação que sustenta a violência no futebol como produto da rivalidade e do antagonismo como fator primário.

Os ingressos mais baratos, o simbolismo da torcida e o poder político são três elementos que devem ser levados em conta na hora de analisar e tentar explicar a subsistência das barras bravas na Argentina.

A administração dos estacionamentos, a revenda de entradas, a comercialização de uniformes oficiais e os tours para estrangeiros aos estádios são algumas das fontes de receita vinculadas ao futebol.


Além de estar relacionados com o poder político, elas oferecem em troca de proteção político-judicial sua capacidade de mobilização, segurança e, sem remorsos, também se oferecem como grupo de extorsão.

Além disso, se construiu a partir da 'cultura del aguante' uma perigosa glorificação simbólica destas barras bravas que, no entanto, nos últimos anos está sendo desmitificada nos estádios argentinos.

Em reunião recente entre o Chefe de Gabinete de Cristina Kirchner, Jorge Capitanich, e o presidente da Associação do Futebol Argentino (AFA), Julio Grondona, a violência no futebol foi um dos temas de debate.

Sem soluções sólidas para a questão, os dirigentes planejam implementar ano que vem o programa AFA Adicional, que pretende ter um registro de todos os torcedores que entrem nos estádios na Argentina.

Com foco no controle esta medida soa inovadora, embora sem uma tomada de consciência real pelo poder político e de todos os integrantes vinculados ao futebol que é necessário erradicar a violência, qualquer decisão responderá mais a uma conjuntura que à busca de uma resolução definitiva. 

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