Agência de notícias
Publicado em 24 de maio de 2024 às 11h11.
O presidente do Equador, Daniel Noboa, declarou um novo estado de emergência em 7 das 24 províncias do país, onde a violência se agravou nas últimas semanas. Nesta quinta-feira, 23, a polícia anunciou ter identificado uma nova organização criminosa que opera em uma província costeira e seria a responsável pela escalada de assassinatos na região.
Segundo a medida anunciada pelo governo, as garantias constitucionais dos equatorianos foram suspensas por 60 dias, assim como o direito à inviolabilidade do lar e da correspondência. As Forças Armadas foram escaladas para combater as mais de duas dezenas de facções do narcotráfico.
Trata-se do 43.º decreto de estado de exceção baixado pelo Executivo em nome da repressão às organizações criminosas, que parecem tomar conta do país desde 2019.A emergência foi decretada para as províncias litorâneas de Guayas, El Oro, Santa Elena, Manabí e Los Ríos, e para as províncias amazônicas de Sucumbíos e Orellana, bem como para a cidade de Camilo Ponce Enríquez (em Azuay). Considera-se que nessas áreas "houve um aumento da violência sistemática" pelos grupos do crime organizado.
Na Província de Manabí, o diretor de investigações da polícia, o general Freddy Sarzosa, disse que unidades especiais identificaram e desarticularam um novo grupo terrorista, denominado Los Pepes, que surgiu da união de "vários outros", cujos nomes ele não revelou.
Entre janeiro e maio, Manabí registrou 337 mortes violentas. No mesmo período no ano passado foram 48, segundo dados oficiais. Sarzosa explicou que Los Pepes se dedica ao tráfico de drogas e sua estratégia é espalhar o terror com uso de panfletos.
Em janeiro, a fuga de um líder criminoso de uma prisão provocou um ataque violento de grupos de narcotraficantes que levou a rebeliões em prisões, ataques à imprensa, explosões de carros-bomba, detenção temporária de agentes penitenciários e policiais e cerca de 20 mortes.
Na ocasião, o governo Noboa decretou estado de emergência, que durou os 90 dias permitidos por lei, e declarou o país em conflito armado interno, que poderia durar indefinidamente. Com o decreto, os militares receberam ordens para neutralizar cerca de 20 gangues criminosas com ligações com a máfia albanesa e com cartéis do México e da Colômbia, rotuladas de "terroristas" e "beligerantes".
Segundo Noboa, o decreto de quarta-feira faz parte de um "segundo estágio da guerra" contra as drogas e o crime organizado. O Equador, localizado entre Colômbia e Peru - os maiores produtores mundiais de cocaína -, deixou há anos de ser uma ilha de paz para se tornar um ponto estratégico e alvo de uma disputa violenta entre grupos de narcotraficantes.