Solados em Bangui: nas últimas semanas, foram registrados choques entre partidários do grupo Séléka e as milícias de autodefesa "Anti-Balaka" (Sia Kambou/AFP)
Da Redação
Publicado em 7 de dezembro de 2013 às 16h29.
Bangui - A violência das milícias suscitadas nos últimos dias em Bangui, capital da República Centro-Africana (RC), deixou centenas de feridos e causou o descolamento de cerca de 14 mil pessoas, informou neste sábado a ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF).
Nas últimas semanas, foram registrados choques entre partidários do grupo Séléka, que deu um golpe de Estado na República Centro-Africana em março que levou ao poder o presidente Michel Djotodia, e as milícias de autodefesa "Anti-Balaka" ("antimachete" em sango, a língua nacional), favoráveis ao deposto líder, François Bozizé.
"Nos dois últimos dias, as equipes da MSF trataram mais de 190 feridos no hospital Comunitário de Bangui. A maioria deles apresentavam traumas por arma de fogo ou por arma branca (machetes e facas)", afirma a ONG em comunicado.
Segundo a MSF, esse hospital se encontra "saturado pelo número de feridos, que continuaram chegando durante o dia de hoje".
A ONG não divulgou o número de mortos, embora a Cruz Vermelha aponte para mais de 300 mortos desde quinta-feira, quando começaram os combates.
A violência provocou também uma "onda" de 14 mil deslocados, depois que milhares de habitantes se viram obrigados a fugir para buscar proteção em pontos nevrálgicos da cidade, como o aeroporto ou centros de culto, assinala a nota.
Essas pessoas -ressalta- "estão vivendo em condições precárias. É preciso mais ajuda de forma urgente e que cheguem mais atores humanitários para poder ajudá-los".
O conflito também chegou a Bossangoa, a 300 quilômetros ao norte de Bangui, onde a MSF cuidou de "20 feridos e continua oferecendo serviços médicos e água aos mais de 35 mil deslocados na cidade".
Os enfrentamentos se intensificaram na quinta-feira após os ataques dos milicianos "Anti-Balaka", horas antes da ONU autorizar a intervenção militar da França, junto com uma força africana, para proteger a população civil e restabelecer a ordem nesse país.
Os "Anti-Balaka" (de denominação cristã) atacaram civis muçulmanos, confissão dos membros de Séléka mas minoritária no país, o que provocou represálias.
A crise da República Centro-Africana começou quando, em 24 de março, a capital foi tomada pelos rebeldes do Séléka, que assumiram o poder no país após a fuga de Bozizé ao exílio. EFE